Bolsonaro, que demitiu o diretor-geral da Polícia Federal, diz que o fez a pedido do mesmo. Valeixo e Moro desmentem.
O ex-juiz Sérgio Moro, famoso por ter comandado a operação anti-corrupção Lava Jato e ter condenado e mandado prender o ex-presidente Lula da Silva, oficializou esta sexta-feira a sua demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, que o Correio da Manhã tinha avançado ontem, quinta-feira. Moro, que estava no cargo desde o início do governo Bolsonaro, em Janeiro de 2019, anunciou a saída numa conferência de imprensa realizada no Ministério da Justiça rodeado por um forte esquema de segurança.
A confirmação da saída do cargo ocorreu poucas horas depois de o Diário Oficial ter publicado, ao amanhecer desta sexta, a exoneração do director-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, escolhido pessoalmente por Moro e seu homem de confiança e principal auxiliar na luta contra a corrupção e o crime organizado. Moro, que já tinha avisado Bolsonaro que deixaria o cargo se Valeixo fosse demitido, sentiu-se desautorizado e, confidenciando a pessoas próximas que não rasgaria a sua trajetória para ficar no governo a qualquer custo, optou por deixar o cargo.
A crise que culminou com as demissões de Valeixo e Moro, que já se arrastava há meses pois Jair Bolsonaro estava incomodado com a autonomia dada pelo ministro à Polícia Federal, que inclusive investiga filhos do presidente, tomou contornos irreversíveis na manhã de quinta-feira. Em reunião com Moro, Bolsonaro avançou que iria fazer mudanças no comando da Polícia Federal, entre elas demitir o director-geral, e o ministro deixou claro a sua discordância, e a reunião terminou nesse impasse.
Sérgio Moro foi apanhado de surpresa com a publicação na manhã desta sexta da exoneração de Maurício Valeixo, quando vários membros do alto escalão do governo, entre eles ministros militares, estavam a tentar conseguir um acordo de cavalheiros entre o ministro e o presidente. A hipótese mais consensual seria confirmar a exoneração de Valeixo, satisfazendo a vontade de Bolsonaro, mas dando a Moro o direito de escolher o substituto para comandar a corporação, o que o agora ex-ministro aceitava.
Cerco aos Bolsonaros
Além de ter sido apanhado de surpresa com a publicação da exoneração, Moro também não gostou dos termos em que ela foi feita. No decreto exonerativo, Bolsonaro escreveu que exonerou Maurício Valeixo a pedido deste, o que tanto Valeixo quanto Moro negam, e, ainda por cima, no documento constava o nome do ministro, como se este o tivesse endossado, o que já foi negado.
Jair Bolsonaro não apresentou qualquer justificativa técnica para demitir o director-geral da Polícia Federal, e, quando perguntado por Moro, respondeu com uma das frases que mais gosta de usar, que o presidente é ele e, por isso, é ele que manda. Mas todos os analistas são unânimes em atribuir a exoneração ao avanço de investigações da corporação contra os três filhos políticos de Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, suspeito de corrupção, e o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, suspeitos de comandarem o chamado "Gabinete do Ódio", um grupo que dispara notícias falsas contra adversários do presidente e do governo para denegrir a imagem deles.
Além disso, Bolsonaro está realmente preocupado com outra investigação, esta iniciada apenas esta semana mas determinada pelo Supremo Tribunal Federal, sobre os atos anti-democráticos realizados no passado domingo por apoiantes do presidente. Num deles, em Brasília e com a presença do próprio chefe de Estado, que fez um discurso inflamado, os manifestantes pediram o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal, e exortaram as Forças Armadas a darem um golpe para garantir a permanência de Bolsonaro na presidência por tempo indeterminado e com poderes absolutos, o que configuraria uma ditadura.
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