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Sobe para 29 o número de mortos confirmados em operação policial numa favela do Rio de Janeiro

Operação policial, a mais mortífera da história da cidade do Rio de Janeiro, teve forte repercussão no mundo inteiro.

08 de maio de 2021 às 18:31

A Polícia Civil (Judiciária) do Rio de Janeiro atualizou este sábado para 29 o número de mortos decorrentes da violenta ação policial desencadeada quinta-feira por aquela corporação na favela do Jacarezinho, zona norte daquela cidade brasileira. As vítimas foram um agente da Divisão de Narcóticos atingido a tiro na cabeça ao sair do carro blindado em que estava para ajudar a remover uma barricada que impedia o acesso da polícia ao interior da comunidade, e outros 28 homens, que as autoridades garantem que eram traficantes perigosos, mesmo nem sabendo ainda a identidade da maioria.

Quinta-feira, depois de nove horas de tiroteios intensos em pelo menos 12 pontos da favela e de muito pânico para os moradores, a polícia avançou um saldo de 25 mortos, o agente e 24 suspeitos. Desde aí, outros quatro corpos foram localizados em áreas mais remotas da favela, todos de supostos criminosos, e a polícia não afasta a possibilidade de outros serem localizados à medida que avança no terreno.

A operação policial, a mais mortífera da história da cidade do Rio de Janeiro, teve forte repercussão no mundo inteiro, e foi chamada pela representante da Amnistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, de massacre brutal. Representantes da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, e da Defensoria Pública do Rio de Janeiro que estiveram no local relatam um cenário de terror e devastação, com corpos espalhados por todo o lado, poças de sangue pelas ruas, casas danificadas por tiros de armas militares de grosso calibre, portas arrombadas e caídas no chão e um mar de sangue dentro de residências onde supostos traficantes se refugiaram e foram encontrados e abatidos pela polícia.

Entidades brasileiras e internacionais estão a pressionar para que se faça uma investigação rigorosa e imparcial do que aconteceu, pois há muitas denúncias de moradores de execuções à queima-roupa e de maus tratos a habitantes que tiveram as casas invadidas pela polícia. Indiferente a todas as denúncias, o novo governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, um fervoroso seguidor de Jair Bolsonaro e da política de confronto, tem feito rasgados elogios à operação policial e ameaçado desencadear outras para "a bandidagem" perceber que o Estado tem mais força do que ela.

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