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Suspeitos de corrupção tentam controlar PT

Os deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) acusados de corrupção e sujeitos a punição no Congresso Nacional vão tentar amanhã continuar no comando do partido e controlar assim eventuais processos que possam ser movidos contra eles. Entre os chamados ‘puníveis’, que amanhã disputam a eleição para a Comissão Nacional Executiva do PT está o próprio ex-ministro José Dirceu, acusado de ser o chefe de todo o esquema de corrupção que abalou o governo Lula.

17 de setembro de 2005 às 00:00

Além dele, os outros seis deputados do partido acusados de corrupção e em risco de perderem os mandatos parlamentares integram a lista de candidatos do chamado ‘Campo Maioritário’, a favorita à conquista da direcção. Até o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que assumiu ter criado o ‘saco azul’ que deu origem ao escândalo do ‘Mensalão’ e que tem já processos internos visando a sua expulsão, está na lista, ao lado de Dirceu e dos outros acusados.

No dia em que ia ser expulso do partido, Delúbio conseguiu na Justiça uma ordem para parar o processo e manteve-se candidato a um cargo na direcção.

A presença de todos os acusados de corrupção na lista favorita às eleições nacionais está a dividir o partido de Lula, que também pertence à mesma ala mas não é candidato, e tem incendiado o clima interno. Mas os ‘Puníveis’ ignoraram todos os apelos para retirarem as suas candidaturas e foi o ex-presidente da lista, o ex-ministro Tarso Genro, que, não concordando com a presença deles, acabou por sair.

A descarada teimosia de Dirceu e dos outros acusados é compreensível. Com poucas probabilidades de manterem os seus mandatos parlamentares, o que lhes acarretará ficarem oito anos sem poderem concorrer a cargos públicos, eles precisam desesperadamente conquistar a direcção nacional do partido, para continuarem vivos politicamente. Outro facto curioso, é que a lista onde estão todos os acusados é presidida, após a saída de Tarso Genro, pelo também ex-ministro Ricardo Berzoini, candidato indicado por Lula para supostamente ‘limpar’ o partido, mas que não quis ou não teve força para anular as candidaturas incómodas.

'SACO AZUL' CHEGA AOS 92 MILHÕES

O ‘saco azul’ movimentado no Partido dos Trabalhadores (PT) pelo publicitário Marcos Valério, é muito maior do que se supunha até agora. Ao invés dos 33 milhões de euros que Valério e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, reconheceram ter movimentado, sabe-se agora que o montante movimentado pelos dois ascende a pelo menos 92 milhões.

A informação foi dada pelo deputado Gustavo Fruet, um dos sub-relatores da comissão de inquérito (CPI) que apura corrupção no governo e nos partidos que o apoiam. Cruzando informações e analisando milhares de documentos, Fruet chegou ao novo número.

O deputado, que é do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), oposicionista, também está ainda a investigar a possibilidade de todo esse dinheiro não ser proveniente de empréstimos bancários feitos de forma irregular, mas sim do desvio de verbas de empresas públicas.

Refira-se que a confirmar-se o desvio, o dinheiro teria passado pelos bancos só para lhe dar uma origem supostamente legal.

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