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Tumulto por alegado tráfico de órgãos provoca um morto em Moçambique

Vítima mortal, um adolescente, foi alvejado na cabeça numa altura em que a polícia disparou balas reais e gás lacrimogénio.
Lusa 7 de Abril de 2022 às 22:46
Polícia de Moçambique
Polícia de Moçambique FOTO: Getty Images
Um tumulto por alegado tráfico de órgãos provocou na quarta-feira um morto no centro de Moçambique, depois de a polícia ter disparado para dispersar moradores revoltados que destruíam imóveis de um comerciante, classificado como suspeito, disseram hoje à Lusa fontes locais.

A vítima mortal, um adolescente, foi alvejado na cabeça numa altura em que a polícia disparou balas reais e gás lacrimogénio para dispersar o grupo que protestava contra o desaparecimento de crianças no bairro 25 de Junho, subúrbios da capital provincial de Manica, referiram. 

Durante os confrontos, várias pessoas ficaram feridas e 54 foram detidas.

A população receia que os sequestros sejam motivados por tráfico de órgãos, contou à Lusa um morador.

O grupo que saiu à rua destruiu duas residências de um comerciante local, que dizem ser suspeito de ter raptado dois filhos dos seus empregados, após a população ter encontrado parte de órgãos humanos guardados em dois frigoríficos.

"Foram levadas duas crianças no bairro Piloto, na casa que o comerciante arrendava a uns inquilinos, seus empregados. As crianças desapareceram depois de o comerciante ter ido à casa", o que provocou a revolta, disse à Lusa, Lúcia Nairosse, uma moradora.

Um outro residente disse que as crianças desapareceram pouco depois de o comerciante ter saído da casa arrendada numa viatura com vidros escuros, levantando suspeitas, situação que levou os moradores para as outras duas residências do comerciante, onde foram encontrados órgãos humanos congelados.

Na sequência, a multidão começou a destruir as residências, um estabelecimento hoteleiro e comercial, quando começou o confronto.

Em declarações à Lusa, Mário Arnaça, porta-voz do comando provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, disse que a corporação está a investigar o incidente e continua a trabalhar para esclarecer o envolvimento do comerciante nos alegados crimes de rapto.

O nome do suspeito já esteve associado a tentativas de rapto de menores e casos de trafico de órgãos, abortados pela polícia, em Manica.

A situação tem antecedentes na província.

As autoridades judiciais colocaram a região em "alerta vermelho" em 2012, ao considerar "alarmante" a subida de casos de tráfico de pessoas e de órgãos humanos, muitos ligados a feitiçaria e outras práticas de enriquecimento ilícito.

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