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UNESCO confiante que cultura será "objetivo por inteiro" na agenda do desenvolvimento pós-2030

Secretária-geral da UNESCO saudou os trabalhos da conferência, que reuniram 120 ministros de todo o mundo e delegações de 163 países, assim como centenas de organizações governamentais e não-governamentais.

01 de outubro de 2025 às 17:43

A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, disse esta quarta-feira estar confiante de que a cultura passará a ser um "objetivo por inteiro" na agenda de desenvolvimento internacional pós-2030, debatida e definida no seio as Nações Unidas.

"Devia ser uma evidência, mas é ainda um combate. Mas é um combate que faremos juntos, de forma documentada", disse Audrey Azoulay, dirigindo-se à Conferência Mundial sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável da UNESCO, a MONDIACULT 2025, que terminou hoje em Barcelona, Espanha.

A secretária-geral da UNESCO (a agência das Nações Unidas para a Educação e Cultura) saudou os trabalhos da conferência, que reuniram 120 ministros de todo o mundo e delegações de 163 países, assim como centenas de organizações governamentais e não-governamentais.

Na MONDIACULT 2015 foi apresentado o primeiro relatório mundial da UNESCO sobre políticas culturais e desenvolvimento sustentável e o plenário ministerial da conferência adotou hoje por unanimidade um documento em que 120 ministros reafirmam a cultura como "bem público mundial" e como motor e facilitador de desenvolvimento económico e do multilateralismo.

Os 120 ministros pedem também para a cultura passar a ter um objetivo próprio no próximo quadro de desenvolvimento sustentável da ONU, o que não acontece na atual Agenda 2030, definindo áreas prioritárias de trabalho para concretizar essa aspiração, que passam pelo reconhecimento dos direitos culturais como um direito humano, a resposta a crises, o impacto das alterações climáticas, a preservação da diversidade cultural, a proteção dos direitos e condições dos artistas e criadores, entre outros.

A secretária-geral da UNESCO considerou que o documento, com título "Compromisso dos Ministros e Ministras da Cultura MONDIACULT 2025", traça "claramente uma direção" e objetivos para as políticas culturais nos próximos anos, reafirmando a cultura também como uma "forma de resistência".

"Num mundo em que se acumulam razões para a perda de esperança, em que as guerras persistem, irresolúveis, em que o planeta se empobrece com as alterações climáticas, em que a tecnologia muda tudo, vocês vieram aqui para fazer obra coletiva, para dizer que ainda podemos estar juntos e que os consensos ainda são possíveis. E isso hoje talvez só a cultura permita", afirmou Audrey Azoulay.

"[A cultura] não é um adorno do presente, mas a coluna vertebral das nossas sociedades", disse por seu turno o ministro da Cultura do Governo de Espanha, anfitrião e coorganizador da conferência.

Ernest Urtasun insistiu em que a cultura "não é um bem secundário", mas "um pilar estratégico da governança global" e deve portanto ser preservada, deve ser apoiada e deve estar no centro do multilateralismo, sendo essencial para a paz e a prosperidade mundiais.

A edição deste ano da MONDIACULT foi a terceira que se realizou na história, depois de conferências em 1982 e em 2022 no México.

A UNESCO e os estados-membros da agência da ONU acordaram em 2022 que a MONDIACULT passaria a realizar-se a cada quatro anos, a partir de 2025, e foi anunciado estes dias em Barcelona que voltará a haver conferência em 2029, em Riade, na Arábia Saudita.

A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, chefiou a delegação portuguesa na MONDIACULT 2025.

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