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Vários jornais europeus recusam publicar anúncio pago do Governo da Hungria

No anúncio publicado em França, Espanha, República Checa, o primeiro-ministro alega que "em Bruxelas estão a construir um superestado".

02 de julho de 2021 às 02:29

O Times of Malta juntou-se esta quinta-feira a vários jornais europeus na recusa de publicar um anúncio pago pelo Governo húngaro, com a visão do primeiro-ministro Viktor Orban para o futuro da União Europeia (UE), anunciou a publicação.

No entanto, vários jornais europeus publicaram o anúncio de página inteira, traduzido para as línguas locais, numa semana em que o Governo da Hungria esteve 'debaixo de fogo', devido a uma lei aprovada em junho que vários líderes europeus consideraram um ataque aos direitos LGBT.

Em comunicado, o Times of Malta considerou que publicar o anúncio tornaria o jornal num "instrumento de promoção de tudo o que vai contra a liberdade de imprensa" e referiu-se a Orban como um primeiro-ministro que "reprimiu jornalistas, a democracia, o espírito da lei e outros direitos humanos".

A publicação também se referiu à recente legislação aprovada na Hungria, que proíbe a exibição a menores de quaisquer conteúdos que retratem a homossexualidade ou mudança de género em filmes, programas de televisão e educação sexual nas escolas, como "uma flagrante violação dos direitos humanos para um país da União Europeia.

No anúncio publicado em França, Espanha, República Checa e outros países, Orban alega que "em Bruxelas estão a construir um superestado" e que a integração europeia é "um meio e não um fim".

"Dizemos não a um império europeu", afirma num dos sete pontos do anúncio.

Crítico frequente da UE, e muitas vezes em desacordo com os líderes europeus sobre o historial legislativo do seu governo, Orban refere-se ao parlamento europeu como um "beco sem saída" e critica organizações não-governamentais por não terem qualquer influência na formulação de políticas.

Pede, ainda, a adesão da Sérvia ao grupo de 27 países que compõem a UE.

Também o jornal belga De Standaard, que se recusou a publicar o anúncio, dedicou uma página inteira a responder a Orban, na terça-feira.

"Caro Viktor Orban, as leis nunca devem distinguir o amor do amor. Nenhum governo deve ditar como falar sobre o amor", escreveu o jornal sobre um fundo com as cores do arco-íris.

O editor-chefe do De Standaard escreveu também numa mensagem que seria "muito cínico vender espaço na imprensa a um líder de um Governo que restringiu a liberdade de imprensa no seu país".

Os jornais belgas La Libre Belgique e De Morgen tamém recusaram publicar o anúncio.

O editor-chefe do jornal sueco Dagens Nyheter, Peter Wolodarski, revelou no Twitter que o seu jornal pediu uma entrevista, em alternativa à publicação do anúncio, mas não recebeu resposta.

O seu homólogo do diário sueco Dagens Industi, Peter Fellman, que publicou o anúncio, disse à emissora do país, SVT, que foi "uma decisão difícil" mas a sua publicação é "um jornal liberal que defende a liberdade [de expressão]".

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