Presidentes das conferências Episcopais de todo o mundo vão estar em reunião inédita sobre crimes do clero.
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O Vaticano recebe a partir desta quinta-feira e até domingo todos os presidentes das conferências Episcopais do mundo para uma reunião inédita sobre abusos a crianças por membros do clero, um tema que abalou a Igreja em 2018.
Ouvir as vítimas, aumentar a consciência, aumentar o conhecimento, desenvolver novos procedimentos, e partilhar boas práticas são alguns dos objetivos do encontro.
O encontro sobre a "Proteção dos menores na Igreja", que se realizará, no Vaticano focará três temas principais: responsabilidade, assunção de responsabilidades e transparência.
O papa anunciou a sua presença em todas as sessões e momentos de oração da cimeira que reunirá 114 conferências episcopais: 36 da África, 24 da América do Norte, América Central e América do Sul, 18 da Ásia, 32 da Europa, incluindo Portugal, e quatro da Oceânia.
Segundo a comissão organizadora da cimeira, os participantes "trabalharão juntos para responder a este sério desafio" estando prevista também a participação de algumas vítimas.
Na preparação deste encontro a comissão organizadora da cimeira pediu aos presidentes das conferências episcopais para ouvir as vítimas nos seus países.
O papa Francisco escolheu para o comité organizador o arcebispo de Chicago (EUA), Blase J. Cupich, o arcebispo de Mumbai, Oswald Gracias, e duas figuras que têm protagonizado a batalha contra os abusos: o vice-secretário recém-nomeado da Congregação para a Doutrina da Fé, Charles Scicluna, e o presidente do Centro para a Proteção das Crianças da Pontifícia Universidade Gregoriana e membro da Comissão para a Tutela dos Menores, Hans Zollner.
A Conferência Episcopal Portuguesa, que estará representada pelo cardeal patriarca, Manuel Clemente, disse a 12 de fevereiro que os casos de abusos sexuais por parte de clérigos são reduzidos em Portugal.
Confrontado com denúncias relatadas pela comunicação social, o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) salientou que "os casos tratados nos tribunais eclesiásticos onde chegam as denúncias são pouquíssimos e, desses, mais de metade da investigação prévia parou por falta de fundamento".
Segundo afirmou na conferência de imprensa, desde 2001 que foram denunciados em Portugal "cerca de uma dezena de casos", dos quais já existem algumas decisões judiciais.
O abuso sexual contra crianças durante anos e anos chegou a ser classificado pelo secretário do papa emérito, Bento XVI, como "o 11 de Setembro da Igreja Católica", um momento apocalíptico com incontáveis vítimas.
Na Igreja dos Estados Unidos um relatório de um grande júri da Pensilvânia revelou que pelo menos mil crianças foram vítimas de 300 padres nos últimos 70 anos, e que gerações de bispos falharam repetidamente na adoção de medidas para proteger a comunidade e punir os violadores. No sábado, o Vaticano expulsou do sacerdócio o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington, Theodore McCarrick, acusado de abusos sexuais a menores e a seminaristas.
Os casos estendem-se ainda a países como a Alemanha, Irlanda, Holanda, Austrália, França e Espanha.
Na Alemanha, um relatório interno encomendado pela Conferência Episcopal aponta para 3.677 casos de abusos sexuais cometidos por 1.670 elementos da Igreja entre 1946 e 2014 e na Holanda pelo menos 20 bispos e cardeais foram associados a abusos sexuais.
Na Austrália, o cardeal George Pell, que dirigia a Secretaria da Economia do Vaticano, foi considerado culpado por um tribunal em Melbourne de abuso sexual a duas crianças.
Em agosto, a poucos dias de uma visita à Irlanda, onde mais de 14.500 pessoas declararam-se vítimas de abuso sexual por parte de padres, o papa escreveu aos católicos do mundo, condenando este crime e exigindo responsabilidades.
Na carta, Francisco pediu perdão pela dor sofrida e disse que os leigos católicos devem envolver-se na luta para erradicar o abuso e o seu encobrimento.
A 12 de setembro, Francisco decidiu marcar uma cimeira mundial sobre os abusos sexuais na Igreja.
GC // HB
Lusa/Fim
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