"Crime organizado cada vez mais violento é perigo de vida para a democracia"

A realidade do tráfico internacional através das narcolanchas na nossa costa impressiona. A primeira vez que tomei contacto com a informação sobre essas autênticas áreas de serviço instaladas em alto mar, com suporte de bens essenciais e de divertimentos variados para os traficantes, incluindo prostitutas, foi num artigo de opinião de um dos nossos melhores jornalistas na área da segurança, o Sérgio Vitorino. Em resposta a um desafio que lhe lancei, ele traçou, anteontem, aqui no CM, um espantoso retrato deste submundo que coexiste no nosso mar, e que conspira para encher a Europa com drogas duras. Enquanto os líderes das principais polícias debatiam, ontem, com o Correio da Manhã, os desafios da segurança e das fronteiras (leia na página 16), quis o acaso que fosse conhecida a notícia do desmantelamento de um esquema que procurou tornear a vigilância apertada às lanchas ‘voadoras’, através de um veleiro de droga, nova tática criminosa com o mesmo objetivo. Mais uma prova da capacidade das redes criminosas de criarem novas soluções para escaparem à autoridade do Estado. Os desafios do crime organizado são crescentes. A droga, o tráfico de armas ou de seres humanos, as máfias de diversas proveniências, sempre numa lógica de violência crescente, são verdadeiros perigos de vida para os nossos Estados democráticos, fenómenos sobre os quais devemos estar atentos antes que seja tarde demais.