Carlos Rodrigues
Diretor"Mandar as ambulâncias do INEM à oficina será uma ciência oculta?"
06 de agosto de 2025 às 00:32Independentemente do Governo que estava em funções no período analisado, a auditoria ao INEM traça um retrato impiedoso do desleixo e da incúria do Estado, e logo numa área tão sensível como a emergência médica e o socorro. Seríamos tentados a dizer que a área da saúde justificava um particular zelo e cuidado no funcionamento dos serviços. Nada mais errado. Carros desgastados, avariados, velhos e sem manutenção, ambulâncias inoperacionais durante dezenas de milhares de dias ao longo dos anos, falta de controlo das horas utilizadas, mesmo dos meios mais dispendiosos e sensíveis, como os próprios helicópteros, falta de certificação dos heliportos dos hospitais, escolha sem qualquer estudo ou critério dos locais onde ficam os meios, centenas de milhares de chamadas de urgência que ficaram por atender. Há de tudo um pouco.
No fundo, a emergência médica é um inferno do qual apetece fugir, e onde o melhor que podemos desejar é nunca correr o risco de precisarmos de ajuda. O rol de erros, falhas e incompetências no instituto, elencado no relatório que hoje detalhamos, é assustador. O estudo do que falha costuma ser arma de arremesso político. Desta vez, a ideia de refundação, lançada pela ministra, é a materialização dessa tentativa de culpar os outros governos. Mas sejamos claros: mandar as ambulâncias para a oficina a períodos regulares será mesmo uma tarefa tão impossível para o nosso Estado? Precisávamos mesmo desta vergonha coletiva?
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