Carlos Rodrigues
Diretor"Nas câmaras por esse País fora, multiplicam-se os acordos de mercearia"
13 de novembro de 2025 às 00:32Depois de qualquer eleição autárquica vem sempre ao de cima o que de pior há na política. O voto municipal prevê que o vencedor seja presidente de câmara, mas não lhe dá condições de governação. Ora, como o sistema político tem agora 3 grandes partidos, PSD, PS e Chega, cresceu exponencialmente o número de autarquias em risco de ingovernabilidade, porque nenhuma das forças tem maioria. Isso tem provocado uma multiplicação de acordos formais ou informais. PS com PSD. AD com liberais. Sociais-democratas com Chega. PCP com apoio informal de PS ou PSD. Há de tudo um pouco, numa espécie de mostruário de grandezas e misérias da mercearia eleitoral. A confusão gerada na autarquia de Lisboa, com os liberais a vetarem o apoio do Chega ao presidente Moedas, e que pode suscitar um bloqueio, é apenas o exemplo mais recente dessa mesma mercearia. Dir-se-á que a tradição municipalista do País justifica todas estas negociatas locais. Até pode ser, mas também dificulta a obtenção da estabilidade política e adia a resolução dos problemas das populações. Esta pequena mercearia entre partidos, com troca de lugares, prebendas e privilégios em geometria variável, mostra como seria trágica a regionalização, criando mais uma camada de distribuição de lugares e de empregos. Mais vale resolver o problema autárquico, criando condições de governabilidade a quem ganhe cada município, do que embarcar na aventura louca das regiões.
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