Carlos Rodrigues

Diretor

"Nas leis laborais, Governo e PS deixam todo o espaço para o Chega e Ventura"

07 de agosto de 2025 às 00:32
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Creio que o Governo não percebeu bem o dano reputacional causado pela ideia de reduzir o tempo que as mães têm para amamentar. A fama de desumanidade e de frieza tecnocrática vai exigir um trabalho muito intenso de recuperação de imagem do Executivo, e a ministra do Trabalho entra para a lista dos problemas da AD. Claro que os governantes não são um conjunto de pessoas insensíveis ou indiferentes à maternidade, mas atacar a amamentação - e o luto gestacional, já agora - entra diretamente para o arquivo dos maiores erros políticos dos últimos anos. Veremos o efeito desse erro gravíssimo, que ainda não teve qualquer inflexão nem pedido de desculpa. Também o PS está a falhar redondamente neste tema. Perante uma proposta que aparece aos olhos da opinião pública muito favorável às empresas, os socialistas não conseguiram levantar a voz em defesa dos trabalhadores. Um silêncio que vai ser entendido como cúmplice, e que, já agora, é comum à esquerda do PS e aos próprios sindicatos, que se comprazem em guerras de alecrim e manjerona, e pecam por falta de comparência num momento socialmente tão relevante como este. A sorte grande saiu a André Ventura, que está a aproveitar o momento para reforçar a imagem humanista, de defensor das mães, dos bebés e dos trabalhadores dedicados. Com adversários assim, fica muito fácil ao Chega dar conteúdo à posição formal de líder da oposição.

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