Carlos Rodrigues
Diretor"O almirante saberá que não se pode ir à guerra sem munições"
23 de dezembro de 2025 às 00:32O debate foi condicionado pelas sondagens. Depois de aparecer em quinto lugar no barómetro da Intercampus, Gouveia e Melo surgiu, durante a tarde, em quarto, no da Pitagórica. A solução era jogar ao ataque. E assim foi. Opacidade, negócios, interesses, atirou o antigo chefe militar, surfando a onda jornalística sobre o passado de Marques Mendes. Desespero, insinuações, politiquice, respondeu-lhe o adversário, que pediu exemplos de um negócio suspeito, revisitando o célebre “diga-me um”, bem a propósito, porque tudo isto ocorreu enquanto muitos portugueses estavam virados para o futebol. Gouveia e Melo não disse um, Marques Mendes fez o 1-0 que se manteve até ao final. O almirante saberá que não se pode ir à guerra sem munições. Um erro estratégico básico, reflexão relevante porque também houve ocasião para se falar do assessor de imprensa da campanha do antigo chefe militar. Em resumo, faltou Portugal. Nos bastidores, o tom manteve-se, houve lama, disse Marques Mendes, há opacidade, voltou a atacar Gouveia e Melo. Os leitores lembram-se do debate entre Soares, quase Presidente-Rei, e Basílio Horta, numa missão suicida para evitar a reeleição, em 1990. Ontem, renasceu esse ambiente. Basílio disse às tantas que Soares podia não ser chefe de gang, mas seria eventualmente Padrinho, num certo sentido. Esse salto, ontem, Gouveia e Melo não deu. Sempre se evoluiu alguma coisa em 35 anos de debates eleitorais.
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