Carlos Rodrigues

Diretor

"O improviso tornou-se o principal instrumento de governação"

30 de setembro de 2025 às 00:32
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O improviso triunfa na governação. Terminou aquela fase histórica em que o poder tomava decisões com base em dados concretos e objetivos, em números e em estatísticas, em estudos que analisavam a realidade, abriam caminhos e acendiam luzes de reflexão. Durante muito tempo, estranhámos todos uma certa forma de comunicar do Governo de António Costa - o tempo dos slides e dos power points, como ontem recordava um jornalista experientíssimo. Estranhámos, mas hoje em dia temos saudades, porque caímos no extremos oposto. As decisões são anunciadas de forma avulsa, sem sustentação teórica nem densificação de pensamento, convidando-nos, as mais das vezes, a uma profissão de fé no que nos é dito, sem o devido enquadramento factual. Podemos considerar que se trata de um mero erro de comunicação deste Governo e desta geração de políticos. E é, um pouco. O Governo de Montenegro não se preocupa com fundamentar as decisões. Por exemplo, quais são os dados que levaram à definição da hoje famosa renda de 2300 euros como média das famílias? Que estudos, que números, que estatística deram origem a esse postulado? Parece um erro de comunicação, mas não é. Trata-se, pelo contrário, do trunfo do improviso como arma política de governação, sinal de um profundo desprezo intelectual pelo povo, ou seja, pelos eleitores. Para quem é bacalhau basta? Como projeto nacional, é pouco, muito pouco. E ofensivo. 

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