"Qualquer acusação de eleitoralismo é errada e descabida"

É saudável a antecipação do Orçamento do Estado já para o dia de hoje. Em qualquer caso, os prazos obrigariam a uma certa sobreposição entre as autárquicas e a apresentação do documento, com tudo o que ele traz de medidas, umas positivas, outras negativas, para as famílias. É, por isso, exagerado falar em eleitoralismo da parte do Governo - ou, pelo menos, se ele existe, isso advém, essencialmente, da própria realidade. Porém, antecipar a apresentação evita, pelo menos, que o grosso das novidades fique para o dia de reflexão, com reduzida capacidade de reação política das oposições. O resto, é confiar na maturidade democrática dos portugueses. Tal como os eleitores sabem muito bem distinguir as notícias sobre o caso Spinumviva do calendário eleitoral, ao contrário do que pensam os políticos mais paternalistas e antiquados, e com menos respeito pelo jornalismo e pela justiça, também é certo que poucos eleitores admitiriam definir o seu sentido de voto a partir das novidades do IRS, das pensões ou dos aumentos da gasolina que o Orçamento do Estado hoje vai revelar. Convém, por isso, não dramatizar. No processo democrático, os eleitores têm dado provas de que são um dos elementos do processo com maior maturidade, com maturidade suficiente, até, para corrigir políticos mais frenéticos. O Orçamento do Estado vai ser apresentado hoje, e qualquer acusação de eleitoralismo é errada e descabida.