Um ano já deu para perceber o Costa que nos calhou, caso dúvidas houvesse. O Costa é aquela espécie de mecânico sem ser de marca, a quem se leva o carro não para o arranjar mas para lhe dar um jeitinho. Ninguém lhe exige que o conserto seja para durar.
Aliás, sabe-se de antemão que o carro vai ficar encostado uns quilómetros à frente. Estranhamente, o Costa é aquele a quem não compraríamos um carro em segunda mão mas a quem se confia para arranjar o nosso carro em terceira mão.
E porque é que isto acontece? Porque o pessoal reconhece no Costa o habilidoso, o jeitoso, esse arquétipo nacional do desenrasca. Tem jeito na forma como parece que está a levar o País para a frente e é hábil ao tentar que não se perceba que na realidade Portugal está a andar para trás.
O Costa não governa, desenrasca-se. Desenrasca-se das sucessivas alhadas e polémicas em que o seu governo se mete. Desenrasca-se das perguntas incómodas e insistentes que a oposição lhe faz, como está à vista neste processo inenarrável da Caixa. Desenrasca-se das contradições para que o arrastam os seus parceiros de poder, nomeadamente em matérias europeias e da reestruturação da dívida.
Desenrasca-se das promessas que fez e que não se verificaram do fim da austeridade e do crescimento supersónico. Desenrasca-se dos compromissos com Bruxelas, adiando medidas para não comprometer défices. E desenrasca-se dos problemas futuros que as suas políticas fatalmente vão provocar porque apenas se preocupa com a gestão do dia-a-dia, do imediato.
Costa, o desenrascado em causa própria, está a deixar o País à rasca. Algo que começa a ser por demais evidente quando se olha para o aumento imparável da dívida pública ou para as falhas cada vez mais preocupantes na saúde, educação e transportes. Mas Costa não se apoquenta. Tem um jeitinho dos diabos para o desenrascanço.
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