Tive a sorte de ouvir um destes dias Katia Guerreiro num novo espaço em Sintra, Sabores de Sintra, casa que tem programação a cargo da também fadista Ana Lains. Ouvi-as cantarem juntas, comoção entrelaçada. Vi-as a emocionarem-se e a borrarem a pintura (no bom sentido), sim porque o ‘novo’ fado apresenta-se de visual renovado, mas não há rímel nem eyeliner que resista ao abalo e à força das palavras certas e ao trinar das guitarras. Acabaram a cantar de mãos dadas, de lágrimas no rosto.
Arrepiante. No final, dizia-me Katia Guerreiro: "Já tinha saudades de cantar assim." Afinal, ainda há coisas que uma casa de fados dá ao fado que os grandes palcos jamais darão…
Egoísmo do bom... Beatriz Noronha é uma talentosa cantora açoriana que dá pelo nome de Bia e de quem já aqui falei nestas páginas. Dizia-me ela, um dia destes, que durante algum tempo andou a cantar voluntariamente pelos hospitais, de guitarra ao colo, apenas em serviços de pediatria. Deixou de o fazer com a frequência que desejava porque afinal até para fazer este tipo de bem há muitas burocracias pelo meio que é preciso cumprir.
"Eu sei que o que eu fazia parece aos olhos das outras pessoas um ato altruísta, mas no fundo acho que era uma atitude egoísta da minha parte. Quantas vezes me cheguei a perguntar se fazia aquilo pelas crianças ou por mim?", desabafa a cantora.
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