As compras geralmente são fonte de satisfação. Mas nem sempre são possíveis. Uma nova mobília para a sala, um bonito vestido, um bom fato, um novo computador, dava jeito, era necessário, mas tantas vezes não há possibilidade. Outras vezes, quando compramos o que queremos, a satisfação não dura muito.
Há compras e compras. Para muitas pessoas o bem-estar da compra é menor do que o experimentado na preparação dessa mesma compra. Ou seja, o pensar na compra, as expectativas que a compra alimenta, o ponderar e comparar as opções possíveis, podem constituir momentos mais satisfatórios do que a compra em si mesmo – é o que refere o ‘Journal of Consumer Research’, em investigação intitulada ‘When Wanting Is Better than Having’.
Se, por um lado, o pensar e planear o que vamos comprar podem gerar mais satisfação do que a compra; por outro lado, o ter actividades em vez de comprar bens materiais pode também ser mais recompensador.
Muita gente comenta que o dinheiro não compra a felicidade. A investigação científica tem mostrado que essa afirmação tem que se lhe diga. Em geral, até um determinado nível, até um nível económico que permita fazer face às necessidades de uma vida digna e saudável, o dinheiro é uma condição básica para se poder ter uma boa vida. Esse nível, evidentemente, depende de variadíssimos factores: do percurso de vida das pessoas, dos locais, dos contextos sociais e familiares, etc. Além disso a vida espiritual e a dedicação ao trabalho voluntário, à solidariedade social têm vindo a atrair quantidades crescentes de pessoas.
As condições económicas básicas, sendo necessárias para se ter bem-estar, podem no entanto não ser suficientes para uma vida feliz, mas… De facto o dinheiro pode comprar um pouco de felicidade.
Ao contrário do ditado popular, a investigação científica indica que o impacto do dinheiro acima do montante que garante as condições básicas é de facto relevante no bem-estar da pessoa se esse mesmo dinheiro for efectivamente gasto; e se for gasto em actividades e não em coisas; se for para um passeio, um fim-de-semana fora, um almoço ao ar livre com amigos e a família, e não para comprar mais uma televisão, outro relógio, ou mais dois pares de sapatos e um novo telemóvel.
As boas emoções que vêm dos bens materiais muitas vezes esgotam-se mais depressa do que as sensações e as memórias das actividades, das experiências com outras pessoas, onde as emoções tendem a ser mais positivas e duradouras. Ter actividades, fazer, experimentar, planear, pode ter vantagens sobre as compras de bens materiais.
Faça mais, compre menos.
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