Os senhores deputados, com exceção do PCP e do Chega, deram um espetáculo deprimente na audição parlamentar à procuradora-geral. Fingiram querer falar das questões de fundo para espremer Lucília Gago sobre casos concretos, que os apoquentam, e a tal "campanha orquestrada"contra o Ministério Público (MP). Na verdade, os senhores deputados só queriam fazer um comício contra o segredo de justiça, as escutas, de que a intervenção de João Almeida, do CDS, foi uma sintomática e paupérrima exibição. Mostraram que estão apenas preocupados com quem os pode incomodar, por ação da Justiça e do jornalismo, e não disfarçaram uma vontade imensa de controlar tais poderes. A narrativa sobre as violações do segredo de justiça, cheias de mentiras e omissões, significa apenas uma coisa: um ataque aos jornalistas, que querem colocar como sujeitos passíveis de ser escutados. Os senhores deputados, nesta ampla coligação que vai da direita ao BE, em que pontifica um deputado que nem sabe o nome correto do antigo PGR Cunha Rodrigues, querem respeitinho. Nada mais. Os reais problemas do Ministério Público não lhes interessam nem um bocadinho, a não ser na exata medida em que possam favorecer os interesses partidários mais corporativos. Ou, de outro modo, a agenda de algumas personagens e poderes que pululam nos bastidores da política. Saiu-lhes o tiro pela culatra.
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