A responsabilidade política é um esteio da democracia. Respeita o contrato de representação entre eleitores e eleitos. Vem do parlamentarismo britânico, para não irmos aos gregos, e comporta preceitos jurídicos e éticos. Na tragédia do Elevador da Glória, face ao relatório preliminar, está lá tudo. Estão os elementos jurídicos, que deveriam ter demitido a administração da Carris, e não uma cessação por não renovação do mandato. É ali evidente um quadro geral de más decisões, que não vem só da atual administração, mas que convergiram todos para o fatídico momento. Todos os elementos ‘técnicos’ falharam. Mas não só. Nos últimos dias, e ainda em face da inaceitável negligência descrita, o espetáculo ético da administração da Carris e de Carlos Moedas é deprimente. A negligência descrita, a insistência de que nada há de ‘político’ no acidente, como se a culpa fosse do cabo que estilhaçou ou, pior, das vítimas, a falta de exigência na manutenção, que roça a burla, a ausência de diligência mínima na superação de um bizarro vazio de fiscalização, tudo isso é muito mais do que mero amadorismo. É uma grave quebra de um compromisso político e ético elementar de respeito pelas pessoas. Não pode haver coisa mais política.
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