O Estado não tem culpa de muito do que nos pode acontecer. Mas um Estado que deixa morrer pessoas idosas afogadas dentro da sua própria casa não é um Estado confiável. Para que servem os alertas da Proteção Civil? Para que servem as intermináveis conversas de tanto dirigente sobre as estruturas de socorro? Para que servem elas próprias, em dias de tempestade, se não chegam às pessoas mais frágeis? Para que temos, afinal, esta pesada carga fiscal, ao nível da Alemanha, se umas chuvadas mais fortes continuam a punir um País frágil, abandonado, onde tudo fica alagado, das estradas aos lares, das escolas às casas, tantas delas construídas nos mesmos leitos de cheias que as leis deste Governo querem betonizar outra vez?! No verão com o fogo, no inverno com a chuva e o vento, as contradições de um Estado incapaz de ter meios aéreos prontos a horas, de ter urgências a funcionar nos hospitais, de salvar pessoas a meia dúzia de quilómetros do socorro, são uma verdadeira mancha nas narrativas gloriosas que por aí andam, na esfera da governação e em feiras (incluindo de vaidades) como a Web Summit. O Portugal ‘moderno’ só existe nas suas próprias bolhas. O outro, que é o real e tangível, morre afogado nas cheias ou queimado nos fogos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt