Se é verdade que a ministra da Saúde tem revelado incompetência no desempenho do cargo, manifestando até alguma insensibilidade no que toca às questões mais graves, o primeiro-ministro não pode colocar-se à margem do que se passa no setor. É ele o chefe da equipa ministerial, foi ele que prometeu resolver os problemas - com um plano mágico de quem já ninguém se lembra. É a ele que os utentes pedem, última análise, responsabilidades pelo que se está a passar.
Conheciam-se as dificuldades pelos quais a Saúde estava a passar, conhecia-se a raiz do problema. A população cresceu substancialmente e o País não estava preparado para este aumento. Nem na saúde, nem na habitação, nem na segurança, nem no ensino, nem em muitos outros setores. No temor de assumir um discurso realista, para não ser entendido como anti-imigração, vão-se empurrando os problemas com a barriga, com medidas faz de conta.
Não sei se a Saúde precisa de um pacto de regime. Sei é que precisa de uma reformulação profunda, de uma visão completamente diferente, uma revolução, colocando de lado ideologias e envolvendo na discussão médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, setor público, setor privado, setor social, na procura da solução que se impõe. Não acredito que desse encontro de vontades não se chegasse a bom porto. É que de outra forma não vamos lá. Neste modo de gestão ao Deus dará e governação sem rumo, a tendência é piorar de dia para dia.
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