José Luís Carneiro protagonizou um dos raros momentos de campanha que merece mais que uma nota de rodapé. “Doutor Luís Montenegro, venha ver as barracas a Viseu”, desafiou, chamando a atenção para a maior dor de cabeça que muitas câmaras enfrentam. Há falta de casas e as que há, para arrendar ou comprar, estão a preços incomportáveis, originando o regresso das barracas ou pessoas a viverem em condições desumanas, por força da pressão migratória. O Governo apresentou um plano para resolver a crise da habitação, mas o que ficou na cabeça dos eleitores foi o estranho conceito do Executivo em considerar 2300 euros uma renda moderada e a frase espantosa do ministro Pinto Luz, que aquele valor “não é para ricos”. Esta demonstração de total desfasamento da realidade revela um plano inconsequente, logo inútil, pelo que vai caber às autarquias dar a resposta possível ao problema, que se agudiza. Os preços das casas continuam a aumentar assim como o valor das rendas. Este deveria ser o tema da campanha, mesmo considerando que a saúde e a segurança também andam pelas ruas da amargura, mas até agora nenhum candidato acendeu a luz no fundo do túnel. É pena, porque este vai ser o maior desafio que as autarquias vão enfrentar nos próximos quatro anos.
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