A revolta é um elemento essencial da política e da antipolítica. Há que saber entender, dialogar, reprimir, quando é caso para isso. Está em Maquiavel e em muitos outros livros, como nos de Donatella Di Cesare (‘O Tempo da Revolta’, Edições 70). O ataque de ativistas a Luís Montenegro transporta muito mais as sementes do antipolítico do que alguns discursos que saltam fora de um certo cânone preestabelecido sobre os mecanismos da correção política. Abrange a premeditação, a preparação, a recolha dos meios necessários, um discurso pelo ‘bem de todos’. Também a raiva, ou a sua manipulação. Tanto neste caso como no debate entre todos os partidos, na RTP, a diferença está no facto de a arma ser tinta e não uma metralhadora. Nos dois, as falhas de segurança são clamorosas. São um ataque à lógica essencial da democracia e um sinal que deve ser lido na perspetiva da segurança coletiva. Montenegro teve uma reação inteligente, o seu ‘momento Marinha Grande’, quando Mário Soares foi agredido, em 1986, não diabolizando nem o atacante nem o seu discurso. Mas a mensagem é clara: o episódio tem de ser tratado pela Justiça e os partidos não podem deixar de olhar para si próprios sobre o que estão a fazer no combate contra as alterações climáticas. É que, um dia, isto pode escalar.
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