O presidente dos EUA não tem apenas dedicado tempo à aplicação de titubeantes tarifas aduaneiras que baralham mercados ou a humilhar estadistas na sala oval. Entre uma e outra tentativa falhada para acabar com as guerras no Mundo e a publicação de imagens onde aparece como papa ou super-homem, Donald Trump tem, também, tentado destruir a credibilidade do jornalismo. É uma técnica clássica de quem faz do logro vida e da intrujice carreira política. Primeiro proibiu a Associated Press de aceder à Casa Branca porque a agência recusa seguir narrativas esdrúxulas de Trump. Depois, asfixiou financeiramente os canais públicos NPR e PSB e processou a ABC e a CBS por conteúdos que lhe eram desfavoráveis. As cadeias de TV foram obrigadas a pagar milhões de dólares ao republicano e a CBS acaba de anunciar que vai terminar com o histórico ‘Late Show’ de Stephen Colbert, um feroz crítico de Trump. Há ainda ameaças à CNN e ao New York Times, mas a coisa muda de figura quando a imprensa livre pega no caso Jeffrey Epstein. O Wall Street Journal vai ser processado porque revelou que o presidente escreveu uma carta ao falecido empresário acusado de tráfico sexual de menores. Nunca, desde Richard Nixon ou Jimmy Carter, um presidente perseguiu tanto a imprensa e este histórico pode levar Trump a pensar que vergar o jornalismo isento é desígnio fácil. Mas partir um dos pilares da democracia é outra coisa. Bem mais difícil que mudar o adoçante da Coca-Cola.
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