Quis o acaso que, no dia em que o CM escolheu para manchete a situação por que passam os meios de socorro marítimo, mais dois pescadores portugueses morressem nos braços da praia.
Por melhor que seja o dispositivo de socorro - mesmo que o poder político não poupasse mais nos meios humanos essenciais ao salvamento de vidas e à segurança das pessoas do que nas leis contra a corrupção - sempre continuará a haver vítimas mortais tragadas pela sua própria coragem e pelas necessidades da família.
O pescador é, regra geral, homem destemido e pleno de fé. Teme o mar, mas enfrenta-o como se o barco fosse um pedaço de terra firme. Daí a teimosia no uso de botas, que protegem melhor os pés, ou na recusa da utilização dos coletes, que tolhem os movimentos. Na tragédia de hoje, salvou-se o único homem que sabia nadar bem. Tirou as botas e nadou.
Tão avassalador noutras áreas de intromissão no livre-arbítrio, não caberia ao Estado impor e ensinar destreza a nadar aos que ganham a vida no mar?
Leia a notícia que deu origem a esta opinião: "O mar deu-nos tudo mas agora levou-o"
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