Novo líder do PSD de olho na classe média

Três dias de congresso deixam o partido dividido, por causa das escolhas de Rio para o núcleo duro.

19 de fevereiro de 2018 às 01:30
Rui Rio foi aplaudido pelos militantes e fez um discurso virado para o País Foto: Miguel Baltazar
Congresso do PSD Foto: Miguel Baltazar
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Congresso do PSD Foto: Miguel Baltazar
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O novo líder do PSD já delineou a estratégia para tentar chegar ao poder em 2019 e tem na classe média e nas questões sociais o alvo de ação. Num discurso que procurou evidenciar a "incapacidade" do Governo, Rui Rio defendeu uma reforma da Segurança Social, a descentralização de competências em matéria orçamental e uma mudança de "motores" na economia.

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O ex-autarca do Porto frisou que "o PSD tem na classe média o principal foco da sua ação". Por isso, "quanto mais robusta esta for menos pobreza teremos". Avisando, ainda assim, que "o reforço do nosso nível de vida tem de ser feito com sabedoria, prudência e respeito que as pessoas nos merecem". "Criar riqueza mas ter a grandeza de só distribuir o que sabemos que é verdadeiramente sustentável, caso contrário estaremos a enganar as pessoas e a repetir erros do passado."

Inspirado em Sá Carneiro, fundador do partido, Rio garantiu que governará colocando "as pessoas como o centro da ação" e reforçando que no capítulo social é preciso dar resposta aos problemas da natalidade e dos apoios à terceira idade.

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E, depois de dizer que desafiará partidos e parceiros sociais a discutirem a Segurança Social, Rio passou ao ataque, frisando que "se há área onde a atual solução governativa não tem sido capaz de dar resposta aos anseios das populações é na Saúde", com "respostas ineficientes do Serviço Nacional de Saúde".

Mais, na Educação, Rio lamentou o "regresso ao experimentalismo pedagógico", atirando uma frase para convencer a classe docente: "Precisamos de dignificar o papel dos professores. Os professores são profissionais do conhecimento, não são animadores de salas de aula."

Mas foi na avaliação económica ao País que o novo líder do PSD mais se distanciou do Executivo. Para Rio, "o motor do crescimento económico não pode assentar no consumo". "Esse foi o erro que nos conduziu à recente desgraça financeira", atirou, criticando também a excessiva dependência do turismo.

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O novo homem forte do PSD entende, por isso, que "o atual Governo não tem condições para levar a cabo políticas públicas capazes de induzir o crescimento". E não encerrou os 45 minutos de discurso sem antes lembrar que os sociais-democratas estarão disponíveis para debater reformas estruturais. Uma mensagem que o novo líder deverá levar hoje à audiência com Marcelo Rebelo de Sousa.

Já a tentativa de unificação com a escolha de nomes negociados com Santana Lopes acabou por não resultar. A lista de ambos ao Conselho Nacional só elegeu 34 em 70 membros.

Negrão corta nas vice-presidências 

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Elina Fraga vaiada na subida ao palco 

Depois do incidente, Rio desvalorizou o tema. Já a própria Elina Fraga disse aos jornalistas, de sorriso aberto na cara, que "não há nenhum problema" com a sua escolha para a direção do PSD. "A comunicação social não pode criar um problema. Hoje saiu daqui um partido unido, mobilizado, para ganhar os atos eleitorais que vão existir", salientou a ex-bastonária.

Já o novo secretário-geral do PSD, Feliciano Barreiras Duarte, desvalorizou os assobios à vice-presidente, considerando que a ex-bastonária irá contribuir com a sua experiência em prol do partido. O nome de Salvador Malheiro para vice-presidente também mereceu críticas mas, como o autarca de Ovar tem sido o braço-direito de Rio, a contestação foi menor.

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"PSD é partido amigo e partido parceiro" 

Momentos depois do discurso de Rui Rio, Assunção Cristas realçou que vê no PSD um partido "amigo" e possível "parceiro" para fazer oposição à esquerda. Cristas sublinhou ainda que os dois partidos devem trabalhar para conseguirem ter maioria parlamentar.

PS valoriza diálogo mas critica discurso 

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A socialista acrescentou ainda que Rui Rio não mencionou propositadamente dados importantes relativos ao crescimento alcançado pelo atual Executivo.

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