Ministra quer levar mais cuidados de saúde aos lares para evitar internamentos sociais

Ana Paula Martins refutou a ideia de que muitos projetos de Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas tenham ficado na gaveta.

24 de novembro de 2025 às 16:55
Ministra da Saúde, Ana Paula Martins Foto: LUÍS FORRA / LUSA
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A ministra da Saúde disse, esta segunda-feira, que é preciso levar os cuidados de saúde aos lares e às casas dos idosos para evitar que continuem a aumentar os internamentos sociais nos hospitais portugueses.

O jornal Público noticia, esta segunda-feira, que o número de idosos internados, apesar de terem alta clínica, continua a aumentar e que as respostas da Segurança Social estão a cair para metade desde a pandemia, havendo 832 utentes nessas condições, no final de outubro, à espera de vaga numa estrutura residencial.

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Confrontada, na Guarda, pelos jornalistas, Ana Paula Martins começou por dizer que a situação não é nova, mas acrescentou que o Governo está a tentar solucionar o problema.

"Há muitos anos que temos muitos casos sociais, o diagnóstico está feito. O Governo, através da Saúde e da Segurança Social, está a procurar encontrar mais espaços, mais lugares, mais apoio domiciliário. Mas ainda há muito trabalho a fazer, nomeadamente com os lares, porque é preciso levar os cuidados aos lares para que os lares não tenham que trazer um idoso ao hospital", afirmou a governante.

Segundo Ana Paula Martins, "muitas vezes não é necessário tirar o idoso do conforto da sua casa ou do lar onde está, porque temos maneiras de chegar lá. Essa é uma aposta que temos de conseguir ganhar".

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No entanto, a ministra da Saúde ressalvou que isso "não se ganha num ano, nem em dois ou em três, porque a verdade é que temos uma situação muito frágil no âmbito dos cuidados de longa duração".

Ana Paula Martins refutou também a ideia de que muitos projetos de Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) tenham ficado na gaveta após os apoios do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) terem sido reduzidos para metade.

"O que aconteceu foi que existiam, estavam definidos quando foi feito o Plano de Recuperação e Resiliência, mas os atrasos nos avisos foram tantos e a taxa de execução era de cerca de 2%, agora está em cerca de 24, 25, 26%", disse.

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Para a governante, o que aconteceu foi que "algumas dessas entidades que assinaram protocolos chegaram à conclusão que não conseguiam concluir obra até agosto, que é quando terminamos, e, portanto, para não entrar numa situação de penalização acabaram por desistir".

No entanto, Ana Paula Martins garantiu que esse financiamento do PRR para fazer requalificações de ERPI "em tempo útil" da Rede Nacional de Cuidados Continuados e integrados não está perdido.

"Temos algumas unidades a precisar de obras e uma grande parte desse investimento que se consegue fazer em nove meses vai ser feito", assegurou.

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A ministra da Saúde realçou também que são precisos recursos humanos "não só no Serviço Nacional de Saúde, mas no sistema de saúde como um todo", adiantando que se está a "investir muito" nas equipas de cuidados domiciliários.

"Não é só um serviço para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, é também para os cuidados paliativos e para a hospitalização domiciliária. Com a transformação em termos tecnológicos, com a monitorização à distância, conseguimos fazer quase tudo. Nada nos impede de, daqui a dois ou três anos, termos um panorama diferente", admitiu a ministra.

No entanto, para Ana Paula Martins, uma coisa é certa: "Vamos ter que trabalhar mais rápido nos próximos cinco anos do que trabalharmos nos últimos 15 anos, sem dúvida".

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Segundo o Público, há casos extremos em que alguns idosos doentes aguardam há mais de quatro anos e muitos morrem antes da transferência.

O jornal refere que as admissões em lares através da Segurança Social revelam que de 2.175 em 2021 passaram para apenas 923 no ano passado, menos 38% face a 2023.

Em 2024, até 22 de outubro, registaram-se apenas 697 admissões. Lisboa, Porto e Setúbal são as regiões mais pressionadas, adianta o Público.

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A falta de vagas (533 em todo o país ao abrigo da portaria que regula estes internamentos) está a bloquear camas hospitalares e a impedir internamentos programados, contribuindo para o congestionamento das urgências.

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