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Governo e oposição em desacordo sobre privados na saúde e políticas de educação do OE2026

Governo enaltece "novas oportunidades" no ensino profissional, PS acusa executivo de "herdar" programa socialista que quer fazer passar por seu.

24 de novembro de 2025 às 15:52

O desacordo dos partidos do Governo e da oposição em matérias de saúde e educação marcou esta segunda-feira o debate orçamental na especialidade, com trocas de acusações de "cegueira ideológica" e "incompetência".

No terceiro dia de debate na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2026, que antecede a votação das propostas dos partidos para matérias como educação e saúde, o secretário de Estado adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, interveio para prometer uma "cara nova" no ensino profissional a partir de setembro de 2026 e uma "revisão profunda dos sistemas de ação social".

O governante explicou que o ensino profissional terá novas opções relacionadas com o catálogo e os centros tecnológicos especializados, que reconheceu terem sido iniciados com o anterior Governo liderado pelo PS, mas cuja execução é prioritária para o atual Governo. Para a ação social, prometeu um "novo modelo, mais equitativo, progressivo e transparente".

O deputado socialista Porfírio Silva tinha-se mostrado satisfeito por ver o Governo "falar de coisas que herdou do PS como os centros tecnológicos especializados", mas acrescentou que o atual executivo encontrou-os "feitos e financiados e vem agora dizer que os está a fazer".

Também do PS, Sofia Pereira disse que a sua bancada quer garantir que se executa o que o Governo, que acusou de ser "incompetente e ideológico", não quer fazer, defendendo o pagamento do complemento de alojamento, de acordo com o que está previsto na lei, e posicionando-se contra o aumento das propinas no ensino superior.

Do PCP, a líder parlamentar Paula Santos considerou, sobre as propinas, que o que o Governo está a fazer já foi visto no passado, começando uma atualização e, "quando se der por isso, o valor já será superior a mil euros", acrescentando que "para o PSD e o CDS aceder aos mais elevados níveis de ensino não é um direito para todos, é um privilégio para alguns".

Outra dos temas quentes do terceiro dia de debate na especialidade do OE2026, foi a saúde, com o deputado Paulo Núncio, do CDS-PP, começou por lembrar a proposta apresentada pelos centristas e pelos social-democratas para "reforçar" as parcerias público-privadas (PPP) na saúde e criticou ainda o PS e os restantes partidos de esquerda por terem acabado com as PPP, acusando-os de "pura cegueira ideológica".

Na réplica, a socialista Sofia Andrade rejeitou as críticas, apontando que o PS defende que o privado deve ser um complemento do SNS e que "a prioridade" deve ser apostar no sistema de saúde público e acusando o Governo de estar "mais interessado em aumentar o investimento para o setor privado em prejuízo do Serviço Nacional de Saúde". E acrescentou: "não há nenhuma cegueira ideológica".

"Sabemos que quando o PSD governa a receita é sempre a mesma: primeiro desinvestem no setor, depois desregulam o setor e chegam a um ponto em que dizem que o melhor é mesmo privatizar", acrescentou Sofia Andrade.

Pelo Chega, Patrícia Nascimento defendeu que o "direito à saúde é para todos", mas que o recurso ao SNS deve ser feito para "todos os que trabalham e descontam em Portugal".

A deputada aludiu ainda a uma proposta do Chega sobre a cobrança de custos a estrangeiros não residentes sem cobertura no SNS, apontando que a IGAS quantificou "milhões de euros em dívidas de estrangeiros não residentes, grande parte por cobrar".

Em resposta o secretário de Estado da Presidência e da Imigração, Rui Armindo Freitas, admitiu que essa cobrança é "uma dificuldade" e indicou que a proposta do Chega é "uma fotocópia" da proposta do Governo e é "redudante" dado que "quem não é residente legal em Portugal tem que apresentar comprovativo de cobertura de cuidados de saúde e tem que ressarcir o Estado pelos cuidados e serviços prestados", lembrando que as situações de urgência estão excluídas.

"Fica claro que em matéria de regulação de estrangeiros não tem sempre que se estar a introduzir a palavra estrangeiro para que a situação seja atendida", acrescentou.

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