Bloco de Esquerda insiste que lei dos solos "está ferida de morte" 

Mariana Mortágua acusou os decisores políticos de terem na cabeça "um chip de empresário do imobiliário".

21 de fevereiro de 2025 às 13:27
Mariana Mortágua Foto: Paulo Novais/Lusa
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A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, insistiu, esta sexta-feira, que a lei dos solos "está ferida de morte" e acusou os decisores políticos que tratam do tema da habitação de terem na cabeça "um chip de empresário do imobiliário".

"Parece-nos que mais do que uma ou outra empresa a questão essencial aqui é que a lei dos solos está ferida de morte. Todos estes casos, que são casos em que ministros, secretários de Estado, podem potencialmente beneficiar da lei dos solos mostram a maldição desta lei", sustentou a coordenadora bloquista, em declarações aos jornalistas.

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Mariana Mortágua reagia à investigação da RTP que deu conta que o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, teve durante mais de 25 anos uma empresa imobiliária, que o próprio confirmou que vendeu recentemente para evitar qualquer associação com a alteração à lei dos solos.

Para a coordenadora do BE, esta lei demonstra que "as pessoas que estão a tomar decisão sobre habitação são as mesmas que durante anos o seu negócio foi o imobiliário".

"Como é que alguém que tem na cabeça um chip de empresário do imobiliário pode estar a tomar decisões sobre habitação? E esta é uma questão política. Vivemos num país em que as empresas de imobiliário são desporto nacional", criticou.

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Na ótica de Mariana Mortágua, os recentes casos de alegados conflitos de interesse deixam o Governo de Luís Montenegro "fragilizado" mas "a questão central" é a lei.

"O ministro Castro Almeida foi incapaz até hoje de explicar a razão da lei dos solos", criticou.

Mariana Mortágua salientou ainda que o parlamento podia estar, esta sexta-feira, a debater "o fim da lei" mas lembrou que o Chega pediu o adiamento da votação na especialidade esta semana.

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No passado dia 28 de janeiro, o secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, demitiu-se depois de ter sido noticiado pela RTP que criou duas empresas imobiliárias já enquanto governante, responsável pelo recém-publicado decreto que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, a polémica lei dos solos.

Em 24 de janeiro, a Assembleia da República recusou revogar o diploma que permite a reclassificação de terrenos rústicos como urbanos, cuja apreciação parlamentar tinha sido solicitada por BE, PCP, Livre e PAN.

Os deputados chumbaram, com votos contra do PSD, Chega, CDS, IL e abstenção do PS, os projetos de resolução de BE, PCP, PAN e Livre que visavam a "cessação de vigência" do decreto em questão.

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