CDS partido ao meio

Telmo Correia chegou ontem de manhã ao XX Congresso do CDS-PP como único candidato assumido à liderança do partido, mas, à tarde, após o discurso “muito bom” como o próprio reconheceu de José Ribeiro e Castro, terá percebido que não seria uma tarefa fácil e sentiu o peso da responsabilidade, tentando agarrar o congresso para manter unida a família portista democrata-cristã.

24 de abril de 2005 às 00:00
CDS partido ao meio
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Por volta das 22h00, o conclave estava dividido sobre os dois candidatos.

Segundo informações recolhidas pelo CM, dois cenários se impunham à hora do fecho desta edição: 55 por cento para Telmo Correia e 45 por cento para Ribeiro e Castro, mas, havia quem vaticinasse a vitória do eurodeputado. A madrugada foi decisiva. Uma candidatura, que era à partida ganhadora com folgada vantagem, acabou por ver baralhadas as suas contas. O ex-ministro do Turismo, a ser hoje eleito presidente do PP, terá uma vitória suada. José Ribeiro e Castro assumiu ontem, ao final da tarde, que se a sua moção – ‘2009’ – fosse a mais votada “seguiria em frente”. Isto é, era candidato a presidente do CDS-PP. Se assim for, Martin Borges de Freitas poderá ser o seu secretário-geral. Um congresso entusiasmado deixou apreensivos alguns elementos da equipa do ex-ministro do Turismo. E tinham motivos para isso.

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A maioria dos chamados barões democratas-cristãos estava ao lado do eurodeputado: Maria José Nogueira Pinto, António Lobo Xavier, numa atitude surpreendente, além de Ismael Pimentel, Nuno Fernandes Thomaz e Fernando Pais Afonso.

Nobre Guedes, grande apoiante de Paulo Portas, foi o mais enigmático e assumiu a dificuldade de optar por um dos candidatos. Por fim, garantiu que apoiaria a moção do eurodeputado. Também o histórico Anacoreta Correia subscreve, para já, a moção ‘2009’.

Do lado de Telmo Correia, António Pires de Lima e Narana Coissoró procuravam fazer o equilíbrio, mas o discurso do vice-presidente do Parlamento não conseguiu levantar o conclave, a não ser no final. O candidato apoiado pelas moções de Nuno Melo e António Carlos Monteiro, que entretanto se fundiram, percebeu que teria de fazer um discurso para o País, mas sobretudo, para os militantes.

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Todos, sem excepção, lembraram o papel decisivo da Juventude Popular (JP) na decisão de congressos. João Almeida, líder da JP, apoia, a título pessoal, Telmo Correia, mas as circunstâncias levaram-no a auscultar a estrutura, depois do jantar. Telmo Correia escolheu António Carlos Monteiro para secretário-geral, e Nuno Melo para líder parlamentar.

Ribeiro e Castro anunciou o que já muitos não esperavam. Uma candidatura que mobilizou a sala com um discurso inflamado. Criticou Telmo Correia por não ter escrito uma moção com o seu próprio punho, defendeu as directas e posicionou-se na questão do aborto. Arrebatou o congresso e deixou fechadas as expressões dos apoiantes de Telmo Correia. Este, só no final obteve uma reacção calorosa.

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