Estado não pode “restringir” atividades políticas, diz António Costa sobre a realização da Festa do Avante

Primeiro-ministro disse em entrevista à CMTV que "momento mais difícil [durante a pandemia] foi anunciar o encerramento das escolas".

15 de maio de 2020 às 19:55
António Costa em entrevista à CMTV Foto: CMTV
António Costa em entrevista à CMTV Foto: CMTV
António Costa medidas reabertura economia

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O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta sexta-feira em entrevista para a CMTV, que os portugueses têm de se manter concentrados para controlar a pandemia do coronavírus. "Temos de nos concentrar em controlar esta pandemia", começou por dizer. 

Questionado pelos temas da atualidade, em direto da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, Costa tentou encerrar o assunto sobre a polémica relacionada com o ministro das Finanças, Mário Centeno e o Novo Banco

"Escolhi o ministro das finanças há cinco anos (...) Há coisas que correm menos bem, foi uma falha de comunicação mas já está tudo bem".

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Relativamente a um cenário económico, Costa foi perentório: "É cedo para termos um cenário sólido". "Nestes dois meses teve de se reinventar muita coisa, mas agora creio que começamos a chegar à fase com maior solidez económica", continuou, reforçando a importância de Portugal retomar a economia.

Moratórias e cenário macroeconómico

O primeiro-ministro afirmou que o cenário macroeconómico do Governo será apresentado em junho com o Orçamento Suplementar e alegou que os dados atuais sobre a evolução económica do país são ainda incertos.

"Toda a gente tem bem consciência de que a trajetória da economia portuguesa sofreu uma inversão brutal, como os números evidenciam. Neste momento, acho que só daqui a duas semanas, três semanas ou um mês é que nós poderemos um cenário suficientemente claro de qual a situação efetiva da nossa economia e quais são os instrumentos que a União Europeia disponibiliza", respondeu.

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Na entrevista, António Costa defendeu a tese de que os governos "não fazem estimativas, produzindo antes políticas com base nas estimativas que existem".

"Aquilo que nós assumimos e dizemos com todo o realismo é que neste momento é ainda cedo para podermos ter um cenário suficientemente sólido. Vamo-lo apresentar quando apresentarmos o Orçamento Suplementar no próximo mês - e nessa altura, aí atravessamo-nos com uma previsão", afirmou.

António Costa alegou ainda que um instituto que faz previsões económicas "tem um certo tipo de responsabilidade", mas "um Governo toma decisões e, portanto, precisa de outro grau de certeza para as fundamentar".

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"Portanto, nós não podemos dar um cenário como mera previsão. Este não é o momento, obviamente, para termos cenários sérios. Há exercícios que temos vindo a fazer, mas não há ainda uma formação suficientemente consolidada para podermos definir isso com segurança", acrescentou.

Quanto às moratórias, Costa afirma que estas permitiram dar espaço às empresas para se reerguerem após o longo período de encerramento. "A vantagem das moratórias é dar-nos tempo para nos prepararmos e evitarmos um tsunami", afirmou.

"Deu-nos tempo para nos prepararmos para evitar o tsunami. (...) Vamos ter uma onda onde podemos mergulhar", rematou. O primeiro-ministro sublinhou que estas medidas tomadas pelo Governo foram essenciais para prevenir um desastre maior da economia. 

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"As moratórias existem para criar um espaço de tempo", continuou Costa afirmando mesmo que Portugal está a adiar uma economia fragilizada. "Se não tivéssemos feito as moratórias tínhamos precipitado as dificuldades das empresas e já tinham entrado em insolvência", garantiu. 

"Estamos a pagar para manter o emprego e é muito importante para que a sociedade continue a funcionar", disse o primeiro-ministro. Sobre o que Portugal perdeu estes meses a nível económico, Costa afirmou que 44% da economia portuguesa são as exportações e "Espanha é o nosso maior cliente".

"Estando [Espanha] em crise, temos um problema para resolver (...) Neste momento precisamos todos uns dos outros", reforçou garantindo ainda que ou a "Europa sai em conjunto desta crise ou ninguém sai isoladamente".

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Ainda sobre a economia nacional, o primeiro-ministro afirmou que "já temos a capacidade de mais de 600 empresas em Portugal para produzir materiais", referindo-se a máscaras de uso reutilizável e ventiladores.

Sobre o pagamento dos créditos feitos aos Bancos, o primeiro-ministro garantiu confiar "na análise que os Bancos fazem".

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"Até ontem [quinta-feira] foram pagos todos os pedidos [de layoff] que entraram até final de abril", continuou. "Hoje a sociedade portuguesa está preparada para viver esta realidade nova que é ter um vírus entre nós (...) Se alguma coisa correr mal, o SNS tem capacidade".

Reabertura de empresas

"Pagamos até 5 mil euros para microempresas (essencialmente restaurantes) para que todas possam abrir em segurança. Temos que fazer todos um esforço de confiança para ir a restaurantes", confirmou o primeiro-ministro que disse que o acrílico poderá ser uma solução.

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Costa disse mesmo que essa opção será uma forma de evitará que "não cheguem ao outro e não nos contaminemos uns aos outros".

Férias

"É fundamental para os portugueses irem de férias, gozem as férias", confirmou ao CM o primeiro-ministro, garantindo que será um dos portugueses que o fará.

"Não podemos ter um polícia ao lado de cada português, temos de ser os fiscais de nós próprios (...) Confio nos portugueses", disse Costa sobre de que forma vão ser garantidas as regeras de seguranças nas praias portuguesas.

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O momento mais difícil de Costa na gestão da crise sanitária

"O momento mais difícil [durante a pandemia] foi anunciar o encerramento das escolas", confirmou o primeiro-ministro.

Polémica sobre a realização do festival do Avante

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Questionado sobre a realização da festa do Avante, Costa disse que o Estado não pode "restringir" atividades políticas. "Há atividades que o Estado tem direito a proibir e a restringir, há outras que não, designadamente a atividade política", rematou.

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