Gouveia e Melo afirma que Mário Soares é o modelo de Presidente em que se revê

Em relação a Jorge Sampaio, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa, o almirante considera que "foram já uma sequência".

18 de outubro de 2025 às 07:42
Gouveia e Melo Foto: José Sena Goulão/Lusa
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O candidato presidencial Gouveia e Melo afirma que Mário Soares é o seu modelo de Presidente, destaca o contributo de Ramalho Eanes para a democracia, mas demarca-se dos chefes de Estado militares não eleitos no pós-25 de Abril.

"O Presidente [da República] que mais gostei e que me revejo nele por diversas coisas, até como ser humano, é Mário Soares", afirma o ex-chefe do Estado-Maior da Armada em entrevista à agência Lusa.

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Henrique Gouveia e Melo considera que Ramalho Eanes foi também "importantíssimo" numa fase da democracia - e que sem Eanes e Soares não teria a democracia que possui hoje.

Em relação a Jorge Sampaio, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa, o almirante considera que "foram já uma sequência".

"Se calhar por serem uma sequência já não lhes dei tanto benefício da dúvida. Mas o meu modelo, se tivesse que escolher um, seria Mário Soares. Tenho mesmo admiração pelo doutor Mário Soares", acentuou.

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Em contraponto, Henrique Gouveia e Melo demarca-se totalmente dos primeiros chefes de Estado da democracia portuguesa, António de Spínola e Costa Gomes, ambos militares.

"Entraram para a Presidência [da República] através de um golpe militar, ou em resultado de uma revolução militar -- e eu tenho uma diferença absoluta em relação isso. O próprio general Ramalho Eanes, quando foi eleito pela primeira vez, era um militar no ativo, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e estava no Conselho de Revolução", assinala.

A seguir, procurou vincar diferenças em relação à sua situação atual como candidato na corrida a Belém.

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"Sou um civil, tenho muito orgulho no meu passado militar e não me envergonho de nada. Pelo contrário, entendo que é uma mais-valia. Mas sou um civil com os direitos cívicos de todo o cidadão", declara.

Gouveia e Melo, neste contexto, diz mesmo que a tese sobre a existência de perigos por ser militar o "aborrece".

"Não estou aqui porque se está a fazer um golpe militar, ou porque os militares de onde eu saí disseram vai para lá para fazer um golpe militar. Os militares, se calhar, até preferiam que eu ficasse lá. Estou aqui como cidadão com os mesmos direitos liberdades e garantias e com os mesmos deveres de qualquer outro cidadão", frisa.

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Queixa-se, também, de perguntas que lhe faziam sistematicamente antes de formalizar a sua candidatura a Belém, questões que, na sua perspetiva, tinham subjacente uma espécie de chantagem.

"Perguntavam-me: O senhor o que vai fazer no futuro? Vai ser político? Se dissesse sim teria de sair imediatamente das minhas funções. Se dissesse não, queriam que isso ficasse marcado. Isso era uma chantagem que me faziam todos os dia - e eu comecei a dizer nim". E explicou porquê?

"Não me quis submeter a essa chantagem. Ninguém tem o direito de limitar a opção futura de qualquer pessoa, porque isso não é um direito exigido na Constituição ou na lei portuguesa a qualquer militar", acrescenta.

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Nesta entrevista, Gouveia e Melo relativiza as sondagens, apontando que a verdadeira só será feita em 18 de janeiro próximo. Recusa que a sua candidatura tenha sofrido um desgaste nos últimos meses e justifica alguma quebra pela circunstância de haver agora candidatos presidenciais "de todos os partidos, praticamente".

"O facto de aparecer um candidato para cada faixa partidária obriga a dividir os votos. Naturalmente, baixei nas sondagens mais por esse efeito do que por efeito de desgaste", defende.

Interrogado se teme ficar apenas com o eleitorado marginal de cada um dos principais partidos, o almirante rejeita essa perspetiva, alegando que "a lealdade partidária hoje não é o que era há 20 anos".

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"Os partidos não são donos das suas áreas de incidência ideológica", advoga.

Do ponto vista político, Henrique Gouveia e Melo afirma colocar-se ao centro e diz que não mudará de estratégia consoante o seu adversário numa eventual segunda volta das presidenciais.

"Não há nenhuma estratégia específica. Eu estou ao centro. Naturalmente, um candidato de direita que vá comigo [à segunda volta] vai ter de combater o centro e a esquerda, porque a esquerda não vai votar num candidato de direita. E um candidato de esquerda que vá comigo vai ter de combater o centro e a direita. Todas as sondagens mostram que venço na segunda volta, mesmo a pior das sondagens", realça.

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