Gouveia e Melo distribui medalhas pelos seus apoiantes

Primeiro, foi Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras: condecorado pela Marinha, a 9 de dezembro, com a Medalha Vasco da Gama, três dias depois manifestou o seu apoio à candidatura de Gouveia e Melo à Presidência da República. Seguiu-se D. Rui Valério, atual patriarca de Lisboa: agraciado, a 17 de dezembro, com a Medalha Naval de 1.ª classe, dias depois referiu ver com “naturalidade” a candidatura do almirante a Belém.

Este último apoio foi manifestado, na passada semana, em entrevista ao semanário ‘Nascer do Sol’. Questionado sobre a possibilidade de Gouveia e Melo avançar como candidato, o patriarca, bispo das Forças Armadas até 2018, justificou assim a “naturalidade” de uma eventual candidatura: “Aquilo que eu entendo é que alguém, como é o caso do senhor almirante, que fez do servir a nação o lema e o princípio e critério da sua vida, não tenho dúvidas nenhumas de que será esse o princípio único e exclusivo que o norteia.”

Ainda que se tenha escusado a responder se via ou não “com carinho” a candidatura do (ainda) chefe de Estado-Maior da Armada, D. Rui Valério considerou que um “serviço de cidadania por excelência deve estar ao alcance de todos os cidadãos e não deve haver aqui discriminação”. “O almirante é uma pessoa que está para servir”, finalizou o patriarca de Lisboa, dando um sinal claro de apoio.

O mesmo cenário se verificou no início do mês, mas com um protagonista diferente. A Medalha Vasco da Gama foi colocada, por Gouveia e Melo, ao peito do presidente da Câmara de Oeiras, como reconhecimento do “trabalho desenvolvido pelo município em cooperação com as instituições da Marinha com sede no território”, segundo o site da autarquia.

Dias após o “reconhecimento”, Isaltino Morais, em entrevista ao ‘Observador’, declarou que o almirante “é o melhor nome para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa”, nas presidenciais de janeiro de 2026. “Gouveia e Melo vai ganhar as eleições muito folgadamente”, sentenciou o autarca, desvalorizando até a candidatura de Luís Marques Mendes: “Não tem condições. Não tem o apoio do próprio partido e facilmente se percebe que perdeu a força anímica. Não tem hipótese.”

José Pedro Matos Fernandes, antigo ministro do Ambiente e suspeito na ‘Operação Influencer’, também está na lista dos condecorados.