Guerra de flores no 25 de Novembro
Duelo entre rosas brancas e cravos vermelhos marcou sessão solene que espelhou fraturas históricas entre esquerda e direita.
Uma guerra entre rosas brancas e cravos vermelhos marcou a sessão solene dos 50 anos do 25 de Novembro. As comemorações arrancaram com uma parada militar, na Praça do Comércio, em Lisboa, prosseguindo com uma sessão solene no Parlamento que espelhou fraturas históricas entre esquerda e direita. “Hoje é dia de rosas brancas e não de cravos vermelhos”, atirou André Ventura, depois de retirar os três cravos depositados por Jorge Pinto (Livre), Mariana Mortágua (BE) e Inês Sousa Real (PAN) no arranjo de rosas brancas na tribuna.
Alguns deputados do PS abandonaram o hemiciclo durante a intervenção do líder do Chega. Paulo Núncio (CDS) retirou uma rosa branca de um dos arranjos mais abaixo e levou-a até à tribuna, enquanto Pedro Alves (PSD), último deputado a discursar, repôs os cravos retirados por Ventura.
O PCP foi o único ausente e o Presidente do Parlamento, Aguiar-Branco, enfatizou que “é por causa do 25 de Novembro que as cadeiras vazias podem, novamente, ser ocupadas”. Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou a data como a vitória da temperança, que “no 25 de Novembro talvez tenha sido mais evidente do que em tantos lances durante a revolução”.
Pelo PSD, Pedro Alves defendeu que a data “não dividiu, mas uniu”, já Marcos Perestrello (PS) acusou o Governo de a instrumentalizar e de subordinar-se “à extrema-direita saudosistP
FRASES DO DIA
Mariana Leitão (Iniciativa Liberal): "As ausências de hoje falam por si. Revelam quem ficou do lado errado da história"
Jorge Pinto (Livre): "Não contem com o Livre para alimentar esta guerra cultural que a direita quer fomentar"
Paulo Núncio (CDS): "Porque aconteceu o 25 de Novembro, os portugueses puderam participar nas eleições livres"
Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda): "Nem três Salazares conseguiriam apagar a memória do dia que anunciou o fim da ditadura"
Inês Sousa Real (PAN): "Não pode ser pretexto para gastar milhares de euros em paradas militares ultrapassadas"
Filipe Sousa (Juntos Pelo Povo): "Cinquenta anos depois, dói ver como se volta a brincar com discursos incendiários"
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