João Lourenço garante Sonangol no BCP
Chefe de Estado de Angola diz que presidente do banco “pode dormir sossegado”. Sobre a Galp, não afastou cenário.
O presidente de Angola deixou a garantia de que a petrolífera estatal Sonangol não prevê, para já, sair do capital do BCP, o maior banco privado português. João Lourenço admitiu este sábado, no encerramento de três dias de visita de Estado a Portugal, que foi interpelado pelo presidente- -executivo do banco, Miguel Maya, e que lhe transmitiu que pode "dormir sossegado".
Numa conferência de imprensa para a qual o Estado angolano só convocou alguns órgãos de comunicação portugueses, o chefe de Estado angolano confidenciou que houve um presidente de uma empresa portuguesa que o abordou, no Porto, sobre a saída do capital da Sonangol. Sem nunca referir a empresa e o banqueiro, João Lourenço acabou por assumir: "Sossegámos essa empresa de que pode ficar descansada", adiantou, acrescentando logo de seguida estar a referir-se "a um banco". A Sonangol é a segunda maior acionista do BCP, com 19,49% do capital.
Sobre a Galp, João Lourenço foi menos específico, sublinhando apenas que "nunca alguma autoridade angolana disse que a Sonangol se iria retirar dos negócios em que está em Portugal", frisando que o que está em marcha é uma reestruturação da petrolífera angolana que prevê a saída de mercados e negócios fora da área estratégica de atuação da empresa. O ‘Negócios’ escreveu na semana passada que os chineses da Sinopec têm interesse na posição que a Sonangol detém na Galp.
O presidente angolano voltou ainda a desafiar os empresários portugueses a fazerem as malas e rumarem àquele país africano. "Gostaríamos de ver os empresários portugueses em força em Angola, sobretudo as PME de praticamente todos os ramos da Economia", afirmou João Lourenço, ainda que reconhecendo que o uso da expressão "em força" o deixa desconfortável dado o peso histórico. Recorde-se que em 1961, quando António de Oliveira Salazar ordenou o envio do primeiro contingente de tropas para aquele país, dando início à Guerra do Ultramar, justificou a ação com a necessidade de andar "rapidamente e em força" para Angola.
Quanto ao repatriamento de capitais, João Lourenço optou por dizer que não confirma que Portugal tenha sido o principal destino das verbas e destacou que "as fortunas estarão espalhadas pelo Mundo fora, provavelmente em locais nunca antes imaginados". "É nossa obrigação, com os meios que qualquer Estado dispõe, tentar encontrar essas fortunas." E afirmou também que a relação com Portugal não é "nota dez", mas está próxima da excelência, sendo que no seu entender já não existem "obstáculos no caminho" entre os dois países.
Marcelo aterra em Luanda no dia em que Lourenço faz 65
No dia em que o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa aterrar em Angola para uma visita de Estado o homólogo angolano, João Lourenço completa 65 anos de idade.
Marcelo estará em Angola entre 6 e 8 de março de 2019, com chegada prevista para dia 5, o dia do aniversário de João Lourenço. O anúncio foi feito pelo chefe de Estado de Angola, ontem, após um almoço no Palácio de Belém, oferecido por Marcelo, que durou quase duas horas.
Antes da chegada de João Lourenço, o Presidente português desabafou aos jornalistas que as relações entre Portugal e Angola "estão excelentes".
À saída foi a vez de João Lourenço, que se fez acompanhar pela mulher Ana Dias Lourenço, sublinhar que "mais do que as relações institucionais, as relações pessoais são importantes na diplomacia". "São essas relações que procuramos cultivar e aprofundar", disse. Já Marcelo vincou que o almoço "representa o espírito que domina as relações entre os dois povos e os dois países: um espírito de amizade fraternal".
PORMENORES
Segundo mandato
A possibilidade de concorrer a um novo mandato nas eleições de 2022 foi colocada na mesa por João Lourenço se não conseguir no primeiro mandato travar o volume de importações.
Isabel dos Santos
Na conferência de imprensa, João Lourenço foi questionado sobre o alerta de instabilidade deixado por Isabel dos Santos. "Devo assegurar que não haverá instabilidade em Angola."
Profissionais de saúde
João Lourenço assumiu que quer contar com docentes portugueses para o Ensino em Angola e que aguarda a assinatura de um protocolo na Saúde.
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