Livre defende que Governo e PS têm que parar com "inebriamento com maioria absoluta"

"Um mero gesto político inconsequente": Rui Tavares, deputado do Livre, sobre a moção de censura ao governo anunciada pela IL.

29 de dezembro de 2022 às 13:45
Rui Tavares Foto: Sérgio Lemos
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O Livre defendeu esta quinta-feira que o Governo e o PS têm que "parar com o inebriamento com a maioria absoluta" e classificou a moção de censura apresentada pela Iniciativa Liberal como um "gesto político inconsequente".

"O Governo e o PS têm que parar com o seu inebriamento com a maioria absoluta e perceber que a única maneira de um Governo de maioria absoluta ser respeitado nos tempos que correm é governar como se não tivessem maioria absoluta", defendeu.

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Em declarações à Lusa, o deputado único do partido na Assembleia da República, Rui Tavares, classificou ainda a moção de censura ao Governo anunciada esta quinta-feira pela Iniciativa Liberal como "um mero gesto político inconsequente".

"É natural que isto aconteça, mas verdadeiramente significa estar à altura do acontecimento dizer que as pessoas devem ir votar quando ainda não passou um ano desde que votaram? E sem ter uma alternativa para propor? A IL quer a queda do Governo e quer governar com quem?", questionou Rui Tavares.

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Para o deputado e historiador, "uma moção de censura é um instrumento sério para ser utilizado de forma séria e implica ter uma alternativa de governação".

"Portanto, a IL quer ir para o Governo com o PS? A IL quer fazer um Governo com que maioria? Quer ir para eleições e se for, com as sondagens que temos à nossa frente, a IL quer fazer parte de um Governo em que vai estar abaixo do Chega na hierarquia? Portanto, é um mero gesto político inconsequente", defendeu.

Na opinião do dirigente do Livre, "ou um partido tem noção quando for defender a sua moção de censura no hemiciclo do caminho que quer propor ao país" ou então "a moção de censura é uma mera figura de estilo e uma mera figura de retórica".

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"Mas isso aí, infelizmente, é aquilo a que a IL nos tem habituado e ainda agora num quadro de disputa interna de liderança tentam sempre aparecer a fazer coisas, mesmo que essas coisas não tenham sido bem refletidas", atirou.

Quanto à saída do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, e à atual crise no Governo, o deputado único considera que "2023 vai ter que ser mesmo um 'ano novo, vida nova' em termos de exigência, em termos de transparência, diálogo e abertura com outras forças partidárias e em termos de modernização de procedimentos políticos".

Quanto a este último ponto, o deputado insistiu numa proposta que consta do programa político do Livre de ouvir os governantes em audições no parlamento antes de tomarem posse, à semelhança do que acontece "com os comissários europeus e o parlamento europeu" mas não só.

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"Como é possível que não haja em Portugal um sistema que passa por um simples questionário a qualquer novo governante em que seja perguntado se tem ou teve litígios com o Estado, ou com empresas públicas, se recebeu indemnizações ou se tem a receber indemnizações, se acumulava fontes de rendimento e quais, que é uma coisa que em qualquer lugar se faz", questionou.

No plano da governação, continuou, "é preciso que, se o primeiro-ministro diz que este mandato é para quatro anos, então que de facto ele assuma um diálogo com o próprio país no quadro desse mandato e que seja visto a fazer coordenação política de uma forma muito mais eficaz e atempada, prevenindo problemas e não indo só depois reagir quando os problemas já se avolumaram".

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, demitiu-se na quarta-feira à noite para "assumir a responsabilidade política" do caso da indemnização de 500 mil euros da TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro.

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Esta foi a terceira demissão do Governo em dois dias, depois de Alexandra Reis, da pasta do Tesouro, no centro da polémica com a indemnização, e do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, que acompanhou a decisão de Pedro Nuno Santos.

A Iniciativa Liberal já anunciou uma moção de censura ao Governo, no parlamento, onde o PS tem maioria absoluta.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, demitiu na terça-feira a secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês depois de Alexandra Reis ter tomado posse e após quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros da TAP, tutelada por Pedro Nuno Santos.

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Alexandra Reis recebeu uma indemnização por sair antecipadamente, em fevereiro, de administradora executiva da transportadora aérea. Em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV) e este mês foi escolhida para secretária de Estado do Tesouro.

A decisão de indemnizar Alexandra Reis, noticiada pelo Correio da Manhã, foi criticada por toda a oposição e posta em causa até pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dizer que seria "bonito" prescindir da verba.

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