Marcelo acusado de golpe para travar Gouveia e Melo
Candidato a Belém não poupa Governo e Presidente da República, que queriam que "ficasse amarrado à Marinha" e longe das batalhas políticas.
Henrique Gouveia e Melo avançou para a corrida a Belém quando foi noticiado que o Presidente da República estava a tentar impedir que se candidatasse, reconduzindo-o como chefe do Estado-Maior da Armada.
“Foi esse artigo que me fez definir o rumo. Porque quando o li, fiquei mesmo danado”, revela o militar na reserva, referindo-se a uma notícia do Expresso, publicada em outubro de 2024, que revelava as intenções de Marcelo Rebelo de Sousa.
O candidato presidencial é o protagonista do livro ‘As Razões’ (Porto Editora), lançado esta quinta-feira e do qual já se ficaram ontem a conhecer as primeiras passagens. O chefe doEstado não é o único visado por Gouveia e Melo, que também não poupa o Executivo de Luís Montenegro.
“De facto o Governo - e também o senhor Presidente da República - não pareciam interessados em nada da defesa, para além de fazerem umas correções nos ordenados dos militares. Assim, deduzi que o que pretendiam era que eu ficasse amarrado à Marinha com o eventual ‘prémio’ de, no fim, poder ser Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e atingir o topo da carreira militar. Pensaram, especulo eu, que ficaria muito contente por me darem a oportunidade”, desabafa, numa longa entrevista.
Mas o plano, gizado entre Belém e São Bento, não resultou. “Essas pessoas verdadeiramente não me conheciam...essa é a única coisa que eu nunca faria: ser príncipe só para cortar fitas”, referiu o almirante que liderou o processo de vacinação contra a Covid-19.
“Ora, queriam dar-me importância sem me darem poder para fazer nada. Muito obrigado. Foi aí que decidi: Vou entrar no campo das verdadeiras decisões, a política”, assegura ainda. Gouveia e Melo deixou a Marinha em dezembro de 2024, tendo anunciado a candidatura à Presidência em maio passado.
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