Mário Centeno cita poema de David Mourão-Ferreira dedicado a Amália
'Abandono' faz referência aos presos políticos encarcerados no Forte de Peniche.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, citou versos do poema 'Abandono', de David Mourão-Ferreira, dedicado à fadista Amália Rodrigues, esta quinta-feira, na abertura da conferência 'A Banca do Futuro'. Foi a primeira vez que Centeno falou em público após ter dito, numa entrevista ao jornal Financial Times, que tinha sido convidado para suceder a António Costa no cargo de primeiro-ministro.
"Por teu livre pensamento/Foram-te longe encerrar/Tão longe que o meu lamento/Não te consegue alcançar", disse Centeno, acrescentando que "foi com livre pensamento" que a banca portuguesa conseguiu atingir a atual estabilidade financeira.
O poema 'Abandono', sobre os presos políticos encarcerados, antes do 25 de abril de 1974, no Forte de Peniche, consta do disco "Busto", de Amália, de 1962. O 'LP' da fadista chegou a estar apreendido durante alguns dias pela PIDE, a polícia política do anterior regime.
O governador do Banco de Portugal disse ter-se lembrado do poema quando preparava a intervenção, relacionada com o setor financeiro, que aconteceu esta quinta-feira, numa iniciativa promovida pelo Jornal de Negócios.
Mário Centeno considera que o país vive um momento de reflexão e que não é só o governador do Banco de Portugal que é convidado a refletir sobre ele.
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