Miguel Albuquerque recusa eleições no PSD Madeira para evitar uma "guerra fratricida"
Presidente do Governo da Madeira acredita que eleições podiam favorecer a oposição.
O presidente do Governo da Madeira e líder do PSD regional, Miguel Albuquerque, reafirmou esta quarta-feira que não haverá congresso extraordinário, nem eleições internas no partido, vincando que isso seria "entrar numa guerra fratricida" que iria favorecer a oposição.
"Neste momento, qualquer situação de fratura dentro do partido é para beneficiar a oposição. Os nossos adversários estão lá fora", avisou, sublinhando que o PSD tem de estar "unido e mobilizado" face à queda do executivo minoritário, na sequência da aprovação na terça-feira da moção de censura apresentada pelo Chega.
Miguel Albuquerque falava aos jornalistas após uma audiência do executivo regional com o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira para apresentação de cumprimentos de Natal, nas instalações do parlamento, no Funchal.
O chefe do executivo e líder do PSD Madeira rejeitou, assim, o desafio lançando pelo antigo secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais Manuel António Correia, que defende a sua "demissão imediata" da liderança do partido e a convocação de eleições internas, às quais se pretende candidatar.
"Não vai haver congresso, porque, neste momento, a expectativa dos madeirenses e dos porto-santenses e a expectativa da generalidade dos agentes económicos e sociais da região é a realização de eleições [regionais antecipadas] o mais rápido possível para termos estabilidade política", realçou, sublinhando também que o regime de duodécimos, devido ao chumbo do Orçamento para 2025, não é benéfico para os interesses regionais.
Mesmo que seja apresentado um pedido para a realização de um congresso extraordinário, que pode ser convocado a pedido de, pelo menos, 300 militantes, terá de ser o Conselho Regional a decidir e, de acordo com Miguel Albuquerque, "não vai haver tempo nenhum para essas coisas".
"Acho que seria ultra prejudicial o PSD entrar agora numa guerra fratricida porque isso seria favorecer o adversário. Ou seja, essa ideia de que, neste momento, nós vamos ter umas eleições internas extemporâneas dentro do partido [...] serve os nossos adversários externos", afirmou.
Albuquerque disse, por outro lado, que a aprovação da moção de censura no parlamento regional resultou da "estratégia da oposição para alcançar o poder" e acusou o PS e o JPP, os dois maiores partidos da oposição, de andarem a "reboque do Chega".
Quanto ao Chega, disse que funciona como "bengala da esquerda".
"Toda a gente na Madeira está preocupada porque esta situação não tem qualquer fundamento e leva a um impasse e leva sobretudo a prejuízos que são transversais às famílias, aos cidadãos, aos agentes económicos e aos agentes sociais", advertiu.
"As únicas pessoas que não estão preocupadas são estes senhores que estão aqui dentro [os deputados], que querem o poder pelo poder. É uma soberba pelo poder, uma ganância pelo poder", reforçou.
A moção de censura apresentada pelo Chega recebeu os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD e o CDS-PP (que tem um acordo parlamentar com os sociais-democratas) votaram contra.
Com a queda do executivo madeirense, o primeiro passo será do representante da República, que vai ouvir os partidos com representação parlamentar no Palácio de São Lourenço a partir de amanhã. Contudo, a última palavra caberá sempre ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem compete dissolver a Assembleia Legislativa da Madeira e marcar eleições antecipadas.
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