Mithá Ribeiro acusa André Ventura de ser um “predador narcísico” e assume saída do Chega

Ex-vice-presidente do Chega diz ter sido alvo de um “processo de humilhação” depois de ter sido excluído do governo-sombra.

17 de outubro de 2025 às 08:19
Mithá Ribeiro e André Ventura
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Gabriel Mithá Ribeiro anunciou a sua saída do Chega e acusa o líder do partido, André Ventura, de ter comportamentos “narcísicos” e "vingativos". Num artigo de opinião publicado no jornal Observador, Mithá Ribeiro diz ainda que o partido é “cada vez mais disfuncional no sentido patológico do termo”.

Mithá Ribeiro diz ter sido alvo de um “processo de humilhação” ao ter sido excluído do recente governo-sombra apresentado por André Ventura, indicando esse como o momento em que decidiu abandonar o partido. “Num governo-sombra que integra ministros independentes e ministros do partido, excluir-me foi a última tentativa do meu assassinato cívico que poderia tolerar”, escreve no artigo intitulado "André Ventura: os 7 pecados mortais do predador narcísico". 

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“Estou a lidar com um predador narcísico movido por um demónio vingativo”, afirmou o ex-deputado, descrevendo o comportamento do líder do Chega como “autoritário” e “obsessivo com o controlo do partido”. Mithá Ribeiro acusa Ventura de ter destruído o cariz "reformista" do partido inicial, processo que terá começado em 2022, quando terá imposto as suas visões ao gabinete de estudos do Chega. "Os anos seguintes confirmaram a pulsão autocrática destrutiva de reformas de André Ventura, traço de personalidade impossível de o tornar um governante responsável”, sublinha.

Sobre essa saída do gabinete de estudos, escreve: "Em agosto de 2022, minutos depois dessa primeira publicação até hoje discreta, recebi um telefonema intempestivo, agressivo e insultuoso de André Ventura a exigir que retirasse de imediato o texto da minha página de deputado. Respondi que não o faria sugerindo uma conversa menos acesa no dia seguinte, até porque ficaria melindrada a abertura do partido aos meios académicos e intelectuais. André Ventura desligou abruptamente a chamada. Antes de qualquer nova conversa, no dia seguinte fiquei a saber, pelas notícias, que tinha sido afastado da coordenação do Gabinete de Estudos”.

“André Ventura é demasiado inteligente para, ao fim de quatro anos, não compreender ser o primeiro e principal traidor da essência política formalmente instituída pelo seu próprio partido, mas a sua impossibilidade de olhar o meio envolvente sem o filtro narcísico move-o numa cruzada insana contra o sujeito coletivo", afirma ainda no artigo o investigador.

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