Montenegro diz que combate ao narcotáfico discutido na UE-CELAC "interessa muito a Portugal"
Primeiro-ministro apontou a diversificação dos parceiros comerciais como outro dos resultados positivos do encontro.
O primeiro-ministro português defendeu este domingo que o combate ao narcotráfico, um dos temas em discussão na cimeira UE-CELAC, "interessa muito a Portugal" e apontou a diversificação dos parceiros comerciais como outro dos resultados positivos do encontro.
Em declarações aos jornalistas, na reta final da 4.ª Cimeira entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que hoje decorreu em Santa Marta (Colômbia), Luís Montenegro fez um balanço positivo da participação portuguesa, num encontro que ficou marcado por várias ausências.
"Esta é uma participação que vale a pena e é uma cimeira que tem, efetivamente, um conteúdo muito importante para a vida dos países, quer da América Latina e das Caraíbas, quer da União Europeia, e para vários assuntos que, neste momento, nos mobilizam em termos de cooperação e desenvolvimento de parcerias estratégicas", disse.
Montenegro salientou que esta parceria e discussão conjunta não se mede apenas nas trocas comerciais entre os dois blocos.
"Um dos aspetos que nós desenvolvemos nos trabalhos até ao momento, muito relevante também para a segurança das pessoas e para a segurança económica, é precisamente o combate à criminalidade organizada, ao narcotráfico em particular, que é uma luta que interessa à Europa e interessa a América Latina, e sobretudo interessa muito a Portugal", afirmou.
O primeiro-ministro referiu que o país "está no centro de rotas de atividades criminosas, que muitas vezes necessitam de um esforço de colaboração e de cooperação mais profundo", dizendo que "esse é também um dos resultados que sai desta cimeira",
Do ponto de vista económico, apontou passos positivos a nível europeu, com a expectativa de que o acordo UE-Mercosul venha a ser finalizado em breve, e também de oportunidades bilaterais.
"A Portugal interessa muito estimular, desenvolver e consolidar esta diversificação das nossas possibilidades no mercado internacional. Quando nós temos algum problema com um dos nossos parceiros comerciais, normalmente acordamos e dizemos, mas porquê é que estamos tão dependentes deste parceiro e não temos uma visão mais global, mais universal? Ora, é precisamente com encontros como este que nós podemos desenvolver e estimular este tipo de cooperação económica", justificou.
Montenegro não concretizou a que parceiro comercial se referia e, quando questionado se a discussão na cimeira ficou marcada pela tensão crescente entre os Estados Unidos e países como a Venezuela e Colômbia, também não quis particularizar.
"Houve um tratamento global sobre as questões da segurança, sobre as questões de combate ao crime organizado e ao narcotráfico nesta região, que como um todo também envolvem a ação da administração americana e dos Estados Unidos da América, e houve alguns dos nossos parceiros à mesa que abordaram esse tema", disse.
Segundo Montenegro, na cimeira UE-CELAC imperou "um espírito positivo de conciliação".
"Esse foi o espírito que eu registei como dominante: tentar evitar mais conflitos, tentar evitar um aumento ou uma escalada de um posicionamento mais agressivo entre os parceiros da comunidade internacional", afirmou.
Com mais de mil milhões de pessoas, os 33 países da CELAC e os 27 Estados-membros da UE representam, em conjunto, 14% da população mundial, 21% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e um terço dos membros da ONU.
Depois de participar, em Belém do Pará (Brasil), na reunião de líderes que antecede a COP30 e neste encontro da UE-CELAC, o primeiro-ministro regressa ainda hoje a Portugal, já que no segundo dia de trabalhos em Santa Marta estão apenas previstas reuniões das instituições europeias com países das Caraíbas, já sem a participação dos chefes de Estado e de Governo da UE.
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