Montenegro diz que PS tem desafio histórico de ser pela primeira vez oposição construtiva

De acordo com o líder do executivo, por decisão dos portugueses, o Governo deve ter disponibilidade para o diálogo com todos os partidos com representação parlamentar.

17 de junho de 2025 às 13:58
Luís Montenegro à chegada para a sessão plenária de apresentação do Programa do XXV Governo Constitucional Foto: José Sena Goulão/Lusa
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O primeiro-ministro considerou esta terça-feira que o PS tem pela primeira vez na história da democracia portuguesa o desafio de ser efetivamente oposição construtiva, papel que defendeu já ter sido desempenhado pelo PSD perante executivos minoritários socialistas.

Luís Montenegro falava em resposta a uma intervenção do líder parlamentar interino do PS, Pedro Delgado Alves, no primeiro de dois dias de debate do Programa do Governo na Assembleia da República.

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De acordo com o líder do executivo, por decisão dos portugueses nas últimas eleições, o Governo deve ter disponibilidade para o diálogo com todos os partidos com representação parlamentar.

Mas, segundo Luís Montenegro, "é verdade que o PS, com as responsabilidades que tem pelo seu percurso nos últimos 51 anos de democracia e por aquilo que projeta para os próximos, terá um exercício de responsabilidade que se antecipa diferente face aos demais partidos".

"Mas isso depende mais do PS do que do Governo", rematou, antes de deixar um recado à bancada do PS.

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Para o primeiro-ministro, na atual legislatura, o PS vai mesmo ter "um desafio histórico perante si próprio".

"Talvez seja a primeira vez que o PS, na oposição, possa dar a Portugal uma demonstração de verdadeira e genuína disponibilidade para colaboração com o Governo. Aquilo que tem acontecido ao longo dos últimos anos é precisamente o contrário: O PS está sempre pronto para receber a colaboração quando o PSD está na oposição, mas nunca esteve pronto para fazer o mesmo, com o mesmo significado e alcance, em sentido contrário", sustentou.

Antes, Pedro Delgado Alves tinha exigido ao Governo "maior clareza" política sobre quem é o interlocutor privilegiado no diálogo com as diferentes oposições, invocando o papel do PS como fundador do regime democrático e, numa alusão ao Chega, ao facto de existir um partido que quer instaurar uma "nova República".

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Advertiu, também, que o Governo, ao incluir medidas da oposição no seu programa, não as pode encarar como uma manifestação de diálogo, já que, na sua perspetiva, se trata antes de "diálogo unilateral".

Pedro Delgado Alves criticou ainda o executivo por ter incluído no seu programa medidas que não constavam no Programa Eleitoral da AD -- coligação PSD/CDS, apontando como exemplos as revisões das leis laborais e Bases do Serviço Nacional de Saúde, ou a concessão de linhas ferroviárias.

"É verdade que o Programa de Governo não é uma cópia integral do Programa Eleitoral da AD. Tem algumas concretizações dos princípios que estão subjacentes ao Programa Eleitoral", acrescentou.

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Na sequência da troca de posições entre Pedro Delgado Alves e Luís Montenegro, o presidente do Chega aproveitou para atacar o PS, dizendo que os socialistas não tiveram preocupações com medidas não constantes no programa do anterior Governo "quando se juntaram ao PSD para descongelar os salários dos políticos".

"O PS não está preocupado em salvar as instituições do regime, está antes preocupado em defender os seus lugares nas instituições", acusou André Ventura.

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