Negrão considera "encerrado" caso de Silvano e diz que nem todos trocam password no PSD

Sobre se será necessária uma reflexão interna no grupo parlamentar sobre esta prática, considerou que esta não é necessária.

09 de novembro de 2018 às 21:08
Fernando Negrão Foto: Miguel A. Lopes/Lusa
fernando negrão, deputado, líder parlamentar, psd Foto: António Cotrim
Fernando Negrão Foto: Lusa

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O líder parlamentar social-democrata considerou esta sexta-feira "encerrado" o caso das falsas presenças assinaladas em plenário ao deputado José Silvano no que toca à bancada, mas salientou que a troca de 'passwords' não é uma prática generalizada no PSD.

Em declarações à Lusa, Fernando Negrão admitiu, contudo, que seja necessário fazer uma reflexão ao nível da Assembleia da República sobre a criação de acessos diferenciados ao sistema para registar a presença dos deputados em plenário e para aceder a informação nos seus computadores.

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"Ouvimos hoje a deputada Emília Cerqueira fazer declarações de esclarecimento sobre a sua situação e a situação que envolvia também o deputado José Silvano e pareceram-me declarações esclarecedoras e que terão, se não resolvido, porque há questões técnicas envolvidas, pelo menos esclarecido a situação que envolvia esses dois senhores deputados", afirmou.

No entanto, o líder parlamentar do PSD fez questão de salientar que, no caso da bancada social-democrata, a prática de troca de 'passwords' para aceder a informação em computadores de terceiros não é generalizada e que ele próprio nunca deu a sua palavra-passe de acesso a outro parlamentar.

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"Não é uma situação generalizada, é uma situação que ficámos a saber que acontece com esses dois deputados, é a sua forma de trabalhar. Admito que possa acontecer com outros, mas há um número significativo de deputados que não tem essa forma de trabalhar, nem este método e não fazem troca de 'passwords', nem dão conhecimento da sua 'password' a terceiros", assegurou.

Questionado sobre a sua prática pessoal, respondeu: "Eu não o faço, nunca dei a minha 'password' a ninguém, a 'password' é minha e quando preciso de ajuda ou colaboração de outros deputados, peço-lhes e eles mandam-ma pelos meios de comunicação normais".

Sobre se será necessária uma reflexão interna no grupo parlamentar sobre esta prática, Fernando Negrão considerou que esta não é necessária.

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"Acho que não, está no âmbito da liberdade de cada deputado, que age como entender", afirmou, considerando que, do ponto de vista da bancada, "a questão está encerrada".

No entanto, o líder parlamentar admitiu que a Assembleia da República poderá ter de refletir sobre o registo de presenças dos deputados em plenário, cuja verificação é feita através da entrada no sistema pelos parlamentares nos seus computadores no hemiciclo.

"Poderá passar por uma maior atenção para não confundir situações, ou seja: situações de trabalho, de troca de informação, de ficheiros, com registos de presença, é preciso muito cuidado", defendeu.

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"Porque não uma 'password' só para registo de presenças e outra para acesso a ficheiros e a toda a informação?" sugeriu.

O tema das faltas dos deputados ganhou relevo na última semana, com o caso das falsas presenças de José Silvano, em pelo menos duas reuniões plenárias, em 18 e 24 de outubro.

Hoje, a deputada social-democrata Emília Cerqueira admitiu que pode sido ela inadvertidamente a registar José Silvano quando entrou no computador com a 'password' do secretário-geral do partido para consultar documentos partilhados.

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Na quinta-feira, seis dias após o jornal semanário Expresso ter noticiado o caso, José Silvano fez uma declaração no parlamento, sem responder a perguntas dos jornalistas, na qual assegurou não ter pedido a ninguém para que o registasse em plenários nos dias em que faltou por se encontrar a realizar trabalho político em Vila Real e Santarém na qualidade de secretário-geral.

Na mesma declaração, Silvano pediu que a Procuradoria-Geral da República, que já anunciou estar a analisar o caso, investigue o sucedido.

Na conferência de imprensa de hoje, a deputada do PSD Emília Cerqueira admitiu ter a 'password' de Silvano, mas disse não ser a única, sugerindo tratar-se de uma prática comum.

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"Digam-me, senhores jornalistas, quem de vós nunca partilhou uma 'password', quem nunca partilhou que diga, seja deputado, jornalista, uma secretária, normalmente temos alguém e se alguém não tem é uma exceção à regra no mundo do trabalho e das organizações", afirmou, assegurando não ter entrado no computador de José Silvano para assinalar, de forma falsa, a sua presença em plenário.

José Silvano ascendeu ao cargo de secretário-geral do PSD em março deste ano após demissão de Feliciano Barreiras Duarte, também alvo ele de notícias sobre irregularidades no seu percurso académico e na morada para efeitos de cálculo de abonos das deslocações como deputado.

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