País vota em fim de semana de bola e após peregrinação a Fátima

Presidente da República decretará dissolução do Parlamento e marca legislativas para dia 18 de maio.

14 de março de 2025 às 01:30
Marcelo Rebelo de Sousa falou ao País, às 20h00, após reunir Conselho de Estado, em Belém Foto: JOSE SENA GOULÃO/LUSA
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O Presidente da República avançou para a dissolução do Parlamento e marcação de legislativas antecipadas a 18 de maio. Marcelo Rebelo de Sousa tomou ontem a decisão, após reunir o Conselho de Estado, no Palácio de Belém, onde falou ao País às 20h00. “Todos os esforços de entendimento mesmo mínimos se revelaram impossíveis”, afirmou, argumentando que “não se pode ao mesmo tempo confiar e desconfiar ética e moralmente de uma pessoa” e que, por essa razão, “o acordo não era possível” entre o Executivo de Luís Montenegro e a oposição.

“Não havia meio caminho”, não havia outra saída para a crise, que, nestes termos, surgiu “pela primeira vez na nossa democracia”, que “ninguém esperava e sobretudo que ninguém queria”. A escolha de Marcelo acompanhou a dos partidos e dos conselheiros, que consideraram inevitáveis as eleições. “Começam agora a correr dois meses de debate eleitoral”, com ida às urnas depois da peregrinação de 13 de maio a Fátima, no dia seguinte à final do Festival Eurovisão da Canção, no fim de semana em que se joga a última jornada da primeira liga de futebol e em que há Rally de Portugal. O chefe de Estado pediu aos portugueses que pesem bem os riscos de “confrontos em que não é possível haver consenso”, apelou a que não se “abra a porta a experiências que se sabe como começam e que se sabe como acabam”, e insistiu na necessidade de uma campanha que “dê força a quem nos vier a governar”.

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A listas de candidatos a deputados têm de ser entregues até 7 de abril, e as arruadas arrancam a 4 de maio. O caminho até ao Palacete de S. Bento deve, considerou o Presidente, centrar-se em questões como “a economia e o seu crescimento, o emprego, o controlo da inflação, os salários e os rendimentos, a saúde, a habitação, a educação, as desigualdades, a justiça, a mobilidade humana, o lugar dos mais e menos jovens, a segurança e a transparência e o combate à corrupção, tudo num quadro de paz e de guerra e de uma muito difícil situação económica internacional”. O novo Executivo entrará em funções em junho, a três meses das autárquicas, e Marcelo quer uma “transição, se possível, tão pacífica, como em 2024”. A data das eleições seguiu a preferência das forças com assento parlamentar ouvidas.

Marques Mendes sem casos

“Espero que haja uma campanha eleitoral digna, limpa e elevada, em que se discutam os problemas concretos das pessoas e não se discutam casos e casinhos”, afirmou Marques Mendes, antes de estar no Conselho de Estado. Reiterou que “as eleições não são uma boa solução para o País”, mas que se tornaram “inevitáveis”.

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Vitorino confiante

António Vitorino defendeu que “evitar crises é sempre de bom-tom”. Mas o socialista “confia que a democracia tem mecanismos para permitir a sua superação”.

Gouveia e Melo ansiedade

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O antigo chefe da Armada Gouveia e Melo recusou que a crise política possa ser capitalizada pelos candidatos às presidenciais fora da esfera dos partidos. “Dizer que estou contente seria errado”, afirmou. Considerou que os portugueses estão “todos ansiosos de ter estabilidade, [por] um Governo credível e um Governo que faça a sua função bem feita”.

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