"Parece que ser independente é uma heresia", diz candidato a Matosinhos nas eleições autárquicas
Alterações à lei autárquica é "uma palhaçada sem pés nem cabeça", diz Joaquim Jorge.
Joaquim Jorge prepara uma candidatura à Câmara de Matosinhos, mas considera que "a confusão está instalada" e vê as recentes alterações à lei autárquica como "uma palhaçada sem pés nem cabeça", que dificulta as candidaturas independentes.
A votação das alterações à legislação foi adiada, dia 8, na Assembleia da República, permitindo o debate na especialidade em comissão de Assuntos Constitucionais, na tentativa de encontrar um texto comum, antes da votação final global, em plenário. As regras aprovadas - e que os partidos querem agora alterar, embora apresentem soluções diferentes - obrigam os movimentos independentes a recolher assinaturas em separado para concorrer a câmaras, assembleias municipais e juntas de freguesia, e impede o uso do mesmo nome para essas candidaturas se apresentarem a votos.
"Parece que ser independente é uma heresia, um crime ou sacrilégio. Ser independente, pensar pela sua cabeça, não estar coagido e não ter que estar alinhado com um partido, é muitíssimo digno e distinto. Ser independente é não ser 'jotinha', não estar à espera de favores, de um emprego e mover-se por interesses por vezes obscuros", afirma em declarações enviadas ao CM
Joaquim Jorge refere que a Comissão Nacional de Eleições pretende obrigar independentes e subscritores a declararem a militância partidária, caso a tenham. "A CNE é uma identidade que pouco faz, limita-se a dizer que o juiz é que decide, não passa de um mero organismo consultivo. O seu poder de decisão é zero", comenta. "Qualquer cidadão pode assinar uma propositura sendo independente ou militante. Assim como qualquer cidadão pode assinar para a formação de um partido sendo independente ou militante", defende.
O possível candidato à Câmara de Matosinhos afirma que a "confusão instalada" não abona a favor da classe política: "Corrupção, oportunismo, clientelismo, endogamia, desperdício, nepotismo, ignorância, ineficácia, sigilo, arrogância e estupidez. Estes são os adjectivos que se ouvem por todo o lado, atribuídos à nossa classe política e aos partidos. O prestígio de uns e de outros desce dia a dia aos olhos dos cidadãos. Esta temática dos independentes eleva ao que há de mais alto cinismo na vida política. Permite-se que independentes possam concorrer a eleições, mas depois são tantos entraves, tantas complicações, tanta confusão para os banir. Seria mais correcto, claro, direito, justo e preciso dizer-se: permitimos que independentes possam concorrer, mas queremos vê-los pelas costas".
O debate na especialidade tem um prazo de 15 dias, mas poderá ser alargado. "Quando a lei estiver aprovada, estaremos próximo das eleições, com pouco tempo para os independentes as preparar", conclui Joaquim Jorge, que pretende apresentar uma candidatura independente à autarquia de Matosinhos. Tal como o CM noticiou ontem, estão a ser preparadas oito candidaturas àquele município.
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