Parlamento aprova voto de pesar por Jorge Sampaio
Assembleia lamentou perda de um "enorme ser humano, que foi um dos melhores servidores da causa pública da sua geração".
O parlamento aprovou esta quarta-feira por unanimidade um voto de pesar pela morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, lamentando a perda de um "enorme ser humano, que foi um dos melhores servidores da causa pública da sua geração".
O voto, lido pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, no início da sessão evocativa que decorreu esta quarta-feira na Assembleia da República, mereceu o voto favorável de todas as bancadas e deputados, que bateram palmas de pé e cumpriram depois um minuto de silêncio.
"A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de Jorge Sampaio, figura fundamental do Portugal contemporâneo, prestando-lhe justa homenagem e transmitindo à sua família, muito em especial à sua mulher, Maria José Ritta, e filhos, Vera e André, aos amigos e ao Partido Socialista as mais sentidas condolências", lê-se.
Na iniciativa, o parlamento considera que, "pelos valores que defendia, pela forma íntegra e empenhada como exerceu as funções para que foi eleito ou designado, Jorge Sampaio representou tudo o que de melhor e de mais exigente há na política".
"Ao assinalar a perda deste enorme ser humano, que foi um dos melhores servidores da causa pública da sua geração, é justo reconhecer a gratidão que lhe é devida. Obrigado Jorge Sampaio", assinalam os deputados.
Jorge Sampaio foi "figura ímpar" da "democracia, que ajudou a fundar e a fortalecer", e "marcou de modo indelével a vida política, social e cultural de Portugal, antes e depois do 25 de Abril", continuam.
"Exemplo de abnegação e coragem, de convicção nos valores humanistas e democráticos, de procura incessante da justiça social, tendo como princípio, e nas suas próprias palavras, que "não há portugueses dispensáveis". Jorge Sampaio foi e continuará a ser, por isso, uma referência, não só da geração que com ele conviveu e com ele combateu, mas de todos os que se reveem na vivência democrática e nos valores da liberdade, da tolerância e do respeito pelo outro", frisa a Assembleia da República.
No voto, os deputados recordam o percurso de vida do antigo Presidente da República, antigo deputado e antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa e referem que "o seu sentido de justiça, a sua crença na dignidade do ser humano, cedo levaram Jorge Sampaio à intervenção política e ao confronto com o regime repressivo então vigente".
"Político de grande craveira intelectual, homem de esquerda por convicção, democrata de vocação europeísta e multilateralista, Jorge Sampaio soube sempre prestigiar e defender a posição de Portugal no mundo, o que lhe granjeou o reconhecimento e o respeito de todos os quadrantes políticos, tanto interna como internacionalmente", considera também a Assembleia da República no voto aprovado esta quarta-feira.
Depois da aprovação do voto, foi transmitido nos ecrãs da sala das sessões um vídeo com fotos de diversos momentos da vida do antigo Presidente da República e um excerto do discurso de posse enquanto chefe de Estado, quando disse a célebre frase "não há portugueses dispensáveis".
No final da sessão ouviu-se o hino nacional, tocado a partir dos Passos Perdidos.
Nas galerias estiveram familiares do antigo Presidente da República, incluindo a esposa, Maria José Ritta, e o filho, André Sampaio. Assistiram também à sessão personalidades como Luís Marques Mendes, João Cravinho, Vera Jardim e Vasco Lourenço.
O Governo fez-se representar pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelos ministros de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, de Estado e das Finanças, João Leão, de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, além do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.
Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.
O funeral, com honras de Estado, realizou-se no domingo, antecedido por uma homenagem nacional no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt