PAULO PORTAS 'É UM TUMOR'

O ex-presidente da República Mário Soares comparou ontem o ministro de Estado e da Defesa, Paulo Portas, a "um tumor que deve ser extirpado" sob pena de poder contaminar todo o Governo.

03 de agosto de 2003 às 00:00
PAULO PORTAS 'É UM TUMOR'
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Com a violência verbal a que, nos últimos tempos, nos tem habituado - recorde-se os epítetos que, recentemente, lançou ao presidente dos EUA, George W. Bush, por causa da guerra do Iraque - Mário Soares afirmou, em entrevista à RDP, referindo-se a Paulo Portas: "Está a transformar-se num tumor e os tumores têm de ser extirpados, ou então contaminam o corpo todo ".

Estas declarações de Soares surgem na sequência da demissão do general Silva Viegas do cargo de chefe de Estado-Maior General do Exército (CEME), no passado dia 25 de Julho, que alegou falta de "confiança ética" no ministro da Defesa e "atitudes de desrespeito para com os militares" . Como pano de fundo estará também o facto de sua mulher, Maria Barroso, ter saído da Cruz Vermelha queixando-se de falta de respeito por parte de Portas.

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Referindo-se à demissão de Silva Viegas, Soares lembrou que "em oito meses, dois chefes de Estado-Maior bateram com a porta". Soares remete-nos para a polémica exoneração do general Alvarenga Sousa Santos da Chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) e a sua subsequente substituição pelo almirante Mendes Cabeçadas, em Outubro de 2002.

"Pode-se disfarçar ou fingir que isto não existe, podem pensar que não devem actuar. No imediato é o mais fácil, mas vai dar maus frutos. Devem extraír o tumor e isso é demitir o ministro" - acrescenta o fundador do PS, com um recado evidente para o primeiro-ministro, Durão Barroso, que é quem tem a responsabilidade de nomear ou demitir ministros.

Obviamente que as palavras de Soares podem ser entendidas também como um recado ao Presidente da República, Jorge Sampaio, já que este, por inerência do cargo, é Comandante Supremo das Forças Armadas e ainda não se pronunciou sobre a demissão de Silva Viegas, de quem é amigo e, dizem alguns analistas, foi por vontade dele que, em 2001, foi escolhido para CEME, mesmo com os votos contra do Conselho Superior do Exército (CSE).

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Na próxima segunda-feira, depois do Conselho de Ministros extraordinário, Barroso leva a Sampaio o nome de Valença Pinto para substituir Silva Viegas no comando do Exército. Confirmado por unanimidade pelo CSE, é altamente improvável que o Presidente vete o nome do tenente-general Valença Pinto, mas é grande a expectativa sobre se mantém a cortina de silêncio que cobre o caso.

Certo, certo é que Portas vai reagir ainda esta semana, dando a dianteira ao CDS-PP, que hoje mesmo, através do seu porta-voz, António Pires de Lima, dirá de sua justiça.

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