PCP considera "um escândalo" prescrição das multas ao "cartel da banca"

Paulo Raimundo garante que "há um negócio articulado da banca para sugar os bolsos" dos portugueses.

11 de fevereiro de 2025 às 17:36
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP Foto: José Sena Goulão/Lusa
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O secretário-geral do PCP considerou, esta terça-feira, "um escândalo" a prescrição das multas impostas ao chamado "cartel da banca", defendendo que é óbvio que têm "um negócio articulado para sugar os bolsos" dos portugueses.

Após ter visitado a Comissão Unitário Reformados, Pensionistas e Idosos (CURPI) de Vale Figueira, em Loures, Paulo Raimundo fez uma intervenção para considerar que "não se pode dizer que não há dinheiro e não há condições" quando se assiste ao "escândalo de a banca ter sido poupada uma multa de 225 milhões de euros".

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O secretário-geral do PCP referia-se à decisão, tornada pública na segunda-feira, do Tribunal da Relação de Lisboa, que declarou prescrita a contraordenação de 225 milhões de euros aplicada aos bancos que já tinham sido previamente condenados, no caso que ficou conhecido como "cartel da banca".

Raimundo salientou que o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão já tinha provado que "havia 'cartel da banca'", mas não era preciso, porque é óbvio que "há um negócio articulado da banca para sugar os bolsos" dos cidadãos.

"Nós sabemos como eles concertam taxas, comissões, como nós pagamos a todos: pagamos por ter cartão, por não ter, por ter crédito ou porque devíamos ter crédito, pagamos taxa porque é taxa ou porque devia haver taxa, pagamos todas e cada uma das comissões a todos eles. Portanto, não era preciso o tribunal provar", disse.

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O secretário-geral do PCP referiu que o "perdão à banca" da multa de 225 milhões de euros, ainda que seja "um escândalo", corresponde "apenas a 15 dias de lucros da banca", pelo que "ainda lhe sobravam 350 dias para continuar a encher os bolsos" à custa dos portugueses.

"Pois, mesmo assim, esta banca dos 14 milhões de euros de lucros por dia, conseguiu ter a ousadia de pôr em causa esta decisão do tribunal e de não querer pagar aquilo que devia pagar", criticou, considerando que, "por vontade deles, será assim".

"Por vontade do Governo, não haverá nenhuma benesse para as nossas vidas e todas as benesses vão para as Galps, as Vincis, as bancas deste país. Sabemos que o Governo conta, para esta operação, com o apoio do Chega, essa coisa que se diz antissistema, mas é o pior que o sistema tem para oferecer", acusou.

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Para Raimundo, o Chega é uma "coisa que se afirma diferente dos outros, mas é pior que todos os outros juntos".

Mas o Governo conta também "com o apoio da IL e com a conivência do PS. Sabemos que é assim, e o poder económico tem muita força", disse, antes de apelar à mobilização dos reformados e pensionistas que o ouviam, considerando que têm "forças, capacidades, energias e criatividade" para garantir que a política é feita "ao serviço da maioria".

"Todos os que estão aqui deram muito. (...) Deram muito, mas vão ter que dar mais um pouco, porque aqui ninguém é velho: é gente experiente", disse, salientando que o povo português precisa da "experiência e da sabedoria" dos reformados e pensionistas.

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Posteriormente, em comunicado, o PCP indicou que vai pedir a audição no parlamento da Autoridade da Concorrência (AdC) sobre esta matéria e defendeu que o Governo, Banco de Portugal e AdC deverão tomar "todas as medidas para aplicação das respetivas coimas".

Depois, em declarações aos jornalistas, Raimundo foi questionado sobre o facto de Portugal ter caído nove lugares no Índice de Perceção da Corrupção 2024, obtendo o seu pior resultado de sempre.

O secretário-geral do PCP considerou que isso é natural, tendo em conta o "consequente e diário anúncio de problemas aqui e ali", mas lamentou que essa perceção se baseie em questões "que são menores face ao grave problema de corrupção" que existe no país.

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"Talvez seja mais fácil para ter a perceção da corrupção na Câmara Municipal, na junta de freguesia, neste ou naquele serviço, mas dificilmente se consegue apreender a dimensão da corrupção. A parte do leão, por exemplo, está em torno do negócio da Vinci e do aeroporto, dos 20 mil milhões de euros que estão por aí, algures nas mãos de alguém", disse.

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