PCP pede mobilização contra propinas e avisa que governos caíram por menos
Paulo Raimundo deixou críticas às políticas do Governo, designadamente a decisão de descongelar, a partir do ano letivo 2026/2027, o valor das propinas no ensino superior.
O secretário-geral do PCP apelou este domingo à mobilização dos estudantes contra o descongelamento das propinas, salientando que "já se viu governos caírem por menos", e considerou inaceitável continuarem a nascer bebés em ambulâncias.
Num discurso no Salão dos Bombeiros Voluntários do Barreiro, distrito de Setúbal, Paulo Raimundo deixou críticas às políticas do Governo, designadamente a decisão de descongelar, a partir do ano letivo 2026/2027, o valor das propinas no ensino superior.
Dirigindo-se aos estudantes que o ouviam, entre as centenas de pessoas que encheram o salão, o secretário-geral do PCP frisou que aumentar as propinas já "é gravíssimo", mas, a isso "soma-se o aumento do custo da habitação, dos transportes, de todos os custos que os estudantes do ensino superior têm".
"Quando se fala no aumento das propinas, fala-se no brutal aumento do custo de vida para quem estuda. E aqui está esta gente, estes jovens, estudantes, que vão resistir, mas é que vão mesmo resistir. Já vimos governos cair por menos, camaradas", salientou.
Paulo Raimundo deixou também críticas às medidas para a habitação anunciadas na quinta-feira pelo executivo, salientando que, se o Governo considera uma renda de 2.300 euros moderada, então o PCP vai começar a exigir um valor de cinco mil euros para um "salário moderado".
Depois, o secretário-geral abordou o aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI) e eventual suplemento extraordinário para pensões anunciado pelo primeiro-ministro no sábado, acusando o executivo de querer dar "uma esmolazinha" a quem tem pensões miseráveis, e só se "houver folga orçamental".
"Daqui fica o recado: se não tivesse o Governo PSD/CDS se ajeitado com o Chega e com a IL, e se não tivessem retirado dos cofres do Estado dois mil milhões de euros por ano para entregar, com a descida do IRC, aos grandes grupos económicos, havia mais que folga para aumentar as reformas aos reformados", afirmou.
Após estas críticas às políticas do Governo, Paulo Raimundo abordou o tema da saúde, num dia em que mais um bebé nasceu numa ambulância a caminho do Hospital de Almada, porque a urgência de obstetrícia do Hospital do Barreiro estava encerrada.
O secretário-geral do PCP salientou que "não há romantismo nenhum em nascer numa ambulância", ou "à porta de casa ou do hospital", frisando que se trata de "um perigo imenso de saúde para a mãe e para o bebé".
"Não é possível nós encararmos com naturalidade que isso passe todos os dias a acontecer", frisou, antes de aproveitar para fazer "uma brincadeira séria".
"O Presidente da República devia condecorar os bombeiros da Moita, porque já vai em 14 crianças que nascem naquelas ambulâncias", ironizou, acrescentando que a "saúde não é um negócio" e, se faltam médicos no Hospital do Barreiro, então "contratem-se os médicos necessários".
A temática do encerramento das urgências foi igualmente abordada pela candidata da CDU à Câmara Municipal do Barreiro, Jéssica Pereira, defendendo que a autarquia -- que é atualmente do PS, mas, entre 2005 e 2017, foi liderada pela coligação -- deve ter a capacidade de dizer que é "possível ter um hospital aberto a tempo inteiro".
"Costumamos dizer que isto é resultado da política de direita. Estes fechos, encerramentos, este despojar de serviços. Pois bem, o que o PS tem feito não é só ser conivente com a política de direita. No Barreiro, o PS tem sido o carrasco do nosso hospital público", acusou.
Também o candidato da CDU à presidência da Assembleia Municipal do Barreiro, José Luís Ferreira, que foi líder parlamentar do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) na Assembleia da República, defendeu que, no dia 12 de outubro, vai estar em causa "o futuro do Barreiro".
"São opções entre perceber se queremos continuar a ter uma gestão sem uma ideia de cidade ou de concelho, sem linhas estratégicas ou desenvolvimento, e que está literalmente a vender o Barreiro às fatias", disse.
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