Pedido de suspensão de funções de Ricardo Rodrigues "foi tardio"

O conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa considerou esta quinta-feira que o pedido do deputado do PS Ricardo Rodrigues para suspender funções enquanto vice-líder parlamentar socialista "foi tardio", mas "melhor do que nada".

28 de junho de 2012 às 20:44
Marcelo Rebelo de Sousa, Parlamento, Ricardo Rodrigues, tardio, vice-líder Foto: LUSA / MIGUEL A. LOPES
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À margem da apresentação da obra "Tratado de Lisboa - Anotado e Comentado", no Palácio da Bolsa, no Porto, Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pela agência Lusa, considerou que foi tardia a atitude do deputado do PS Ricardo Rodrigues, que pediu quarta-feira a suspensão das suas funções enquanto vice-presidente da direcção parlamentar socialista até ao trânsito em julgado do processo movido por dois jornalistas da revista "Sábado", no qual foi condenado a uma pena de multa, por lhes ter retirado dois gravadores durante uma entrevista.

"Eu diria que é melhor do que nada, em muitos casos não se tem feito sequer isso e, portanto, nesse aspecto é um pequeno passo positivo. Espero é que as pessoas percebam que, no futuro, a responsabilidade dos políticos tem que ser muitíssimo maior para que os cidadãos acreditem neles", defendeu.

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Admitindo que defende uma "tese isolada", o conselheiro de Estado considerou que "quando se é arguido, em determinados tipos de processo como este, a pessoa deve logo, pelo seu pé, afastar-se da cena pública até ao apuramento de responsabilidades".

Para o ex-líder do PSD, este gesto do deputado socialista é o "assumir que não deve vincular o partido a uma atitude pela qual foi considerado como responsável".

Marcelo Rebelo de Sousa frisou que este "é um passo muito pequenino para aquilo que os portugueses acham que é a responsabilidade dos políticos quando se trata de lidarem não só com a comunicação social, mas com a sociedade em geral".

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"É um pequeno passo, sobretudo ditado pela ideia de não responsabilizar o Partido Socialista como vice-líder parlamentar. E na medida em que é um pequeno passo que nem sempre tem ocorrido, muita gente acha que é positivo", afirmou.

O caso remonta a Abril de 2010, quando, durante uma entrevista, no Parlamento, Ricardo Rodrigues se levantou e abandonou a sala onde se encontrava, levando consigo os gravadores dos jornalistas Fernando Esteves e Maria Henrique Espada, da revista Sábado, depois de estes o terem interrogado sobre o seu alegado envolvimento num escândalo de pedofilia nos Açores.

A sentença foi proferida na terça-feira nos Juízos Criminais de Lisboa, tendo o tribunal dado como provados os factos da acusação que lhe imputavam um crime de atentado à liberdade de imprensa e um crime de atentado à liberdade de informação.

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Ricardo Rodrigues foi condenado ao pagamento de uma multa de 4.950 euros, valor que resulta de 110 dias de multa a 45 euros cada.

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